Consenso de Washington é uma forma mais simpática de nos
referirmos ao Neoliberalismo. A expressão Consenso de Washington nasceu em 1989. Foi criada pelo economista inglês
John Williamson, ex-funcionário do Banco Mundial e do Fundo Monetário
Internacional (FMI).
Numa conferência do Institute for Intemational Economics
(IIE), em Washington, Williamson inventariou as políticas que o governo dos
Estados Unidos preconizava para a crise económica, de então, nos países da
América Latina. Por decisão do Congresso Norte-americano, as medidas do Consenso de Washington foram adoptadas
como imposições na negociação
das dívidas externas dos países latino-americanos. Acabou por se tornar o
modelo do FMI e do Banco Mundial para todo o planeta.
O neoliberalismo advoga
acerrimamente que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. Segundo seus
defensores, a presença do Estado na economia inibe o sector privado e trava o
desenvolvimento. Algumas das suas características são:
-
Abertura da economia através da liberalização
financeira e comercial e da eliminação de barreiras aos investimentos
estrangeiros (uma forma subtil de invadirem um Estado soberano sem recorrer à
guerra convencional);
-
Amplas privatizações (para se ressarcirem das
despesas provocadas pela invasão);
-
Redução de subsídios e gastos sociais por parte
dos governos (enfraquecendo o povo impede-se a capacidade de revolta e de
retaliação);
-
Desregulamentação do mercado de trabalho para
permitir novas formas de contratação que reduzam os custos das empresas (desta
forma fragiliza-se a garantia de trabalho, estimula-se a falta de solidariedade
de classe, impondo a arbitrariedade das decisões).
Historicamente, as ideias do neoliberalismo contrapõem-se ao
keynesianismo – ideário formulado pelo economista John Keynes (1883-1946),
dominante no período do pós-guerra, a partir de 1945, que defendia um papel
determinante e uma presença activa do Estado na economia como forma de
impulsionar o desenvolvimento.
Outro termo que passou a designar a actual fase da economia
mundial é globalização. A palavra
indica que há crescente interdependência entre mercados, governos, empresas e
movimentos sociais a nível global o que, por si só, não deveria ser um mal. Todavia,
a exemplo de muitas outras manipulações preconizadas pelo homem, aquilo que
poderia ser um bem tornou-se numa praga.
Fomos nós, os portugueses, quem, no Século XV, iniciou a
globalização…
Foi, remotamente, esse intercâmbio de riquezas e saberes que
forneceu a base para a Revolução Industrial, no fim do século XVIII. As
descobertas científicas e as invenções provocaram enorme expansão dos sectores
industrializados e ampliaram o mercado para a exportação de produtos.
Com a expansão do comércio, ocorreu a intensificação do
fluxo de capitais entre os países. A busca do maior lucro levou as empresas a
investirem cada vez mais no mercado financeiro, o qual se tornou o epicentro da
economia globalizada.
A presente mobilidade do mercado mundial permite que as grandes
empresas façam relocalizações de fábricas – nome que se dá ao encerramento de
unidades de produção num local e sua abertura noutra região ou noutro país.
Esse mecanismo é fundamentalmente usado para cortar gastos com mão-de-obra.
Actualmente, os maiores investidores internacionais podem,
com o simples acesso ao computador de um banco, retirar milhões de dólares de
nações nas quais vislumbram problemas económicos. Quando os países se tornam
excessivamente vulneráveis a esses movimentos bruscos de capital, os organismos
internacionais como o FMI podem conceder empréstimos (eufemismo de roubo) para
que possam enfrentar a fuga dos dólares ou dos euros. Em contra-partida, os
governos beneficiados ficam obrigados a obedecer
ao receituário ditado pela instituição, que é basicamente o estabelecido
pelo Consenso de Washington.
O grave é que, além de penalizarem as populações carentes,
por causa da desactivação ou da desaceleração dos investimentos sociais, essas
políticas tendem a travar o crescimento económico, por força da maior carga
tributária, do congelamento de investimentos públicos, da elevação dos juros e
dos encargos do crédito concedido.
As reformas neoliberais nunca trazem progresso, nem melhoram
a distribuição da riqueza. Na maior parte das vezes, a pobreza cresce
desenfreadamente até à miséria total.
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