quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

DA MINHA CORRESPONDÊNCIA COM O EDUARDO (5)
















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Voltou, novamente, a política circense.

Uma das coisas de que eu gostava nos circos era os palhaços. As suas mal disfarçadas contradições e os trocadilhos utilizados nos seus discursos faziam rir e dispunham bem. Tenho, contudo, pena do “casting” de palhaços escolhidos para o circo par(a)lamentar. Há lá personagens que nem para saltimbancos de rua serviam...  Não se interessam por agradar o público, mas, tão-só, prejudicar a actuação dos seus “partenairs”, mesmo que isso possa pôr em risco a sua própria actuação no espectáculo. As rábulas dos palhaços estão muito mal construídas, pecam pela falta de graça e agridem o público pagante que assiste ao espectáculo.

É triste! Que saudades que eu tenho de um bom espectáculo circense...!

Todavia, que não periguem mais o circo. Não introduzam espectáculos de leões, ou tigres ou quaisquer outras feras, pois, com esta selecção de artistas, os domadores escolhidos poderão não estar suficientemente preparados e provocar a morte dos artistas... e, com isto, o fim do circo. Desta forma, quando chegasse o Natal, o pai-natal não poderia “ir com o coelhinho ao circo” (expressão utilizada, há bastante tempo, num anúncio de uma marca de chocolates).


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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O PÚBLICO DE DAVID DINIS NO SEU MELHOR







Hoje, começa o congresso dos jornalistas…


O que se passou ontem no Público é mais um belo exemplo do advento da pós-verdade: surge uma notícia adulterada, entretanto desmentida, e um jornal supostamente credível apropria-se dela, ignorando esclarecimentos posteriores, redesenha-a e gera réplicas noutros meios.


De facto, como escreve João Mendes, do Aventar, o Público do Sr. Dinis está uma miséria. Não admira que não haja lá espaço para o José Vitor Malheiros.


Estou plenamente de acordo...

A cronologia de um truque:

12:47 – The Guardian e FT publicam notícia com declarações de Robert Goodwil, ministro da imigração do Reino Unido, onde este diz que vê como bons olhos a aplicação de um imposto de mil libras sobre cada trabalhador estrangeiro, “útil para os trabalhadores britânicos que se sentem preteridos.”

16:06 – The Guardian diz que, apesar das declarações do ministro, não existe qualquer intenção do governo britânico e refere expressamente, no mesmo texto, que não passou de um comentário. O esclarecimento vem do gabinete de Theresa May, primeira-ministra, que se distancia da ideia. http://tinyurl.com/j9wgr6q

16:26 – Público, ignorando o encerramento da história determinado pela notícia do The Guardian, que desfez todo o seu potencial de polémica e, provavelmente, animado com o potencial de partilhas e likes de emigrantes portugueses e familiares, diz que “Londres quer taxar com mil libras cada trabalhador qualificado europeu.” LONDRES! QUER! TAXAR! – já é outra história – Só mais adiante, no decorrer da notícia, é que se lê que não é “Londres”, ou seja, que não é nenhuma proposta ou decisão do governo britânico, mas sim uma opinião pessoal favorável de um dos seus ministros. (da imigração e não do interior, como diz erradamente o PÚBLICO) http://tinyurl.com/gl37js9

Para piorar, acrescenta no lead que o Labour considerou a medida uma forma de “boa gestão da imigração,” o que é mentira, como se pode ver pela própria peça do The Guardian. O diário português baseou-se nas declarações de Frank Field, um MP do Labour que está extremamente distante da liderança do partido e nunca apoiou Jeremy Corbyn. Longe de ser “o Labour.”
17:29 – O Público, face às evidências e às reprimendas dos leitores, corrige a informação sobre o Labour. Corbyn rejeita.

18:01 – O Público, uma hora e meia depois e após mais reprimendas de leitores, corrige finalmente a notícia e considera o comunicado de 10 Downing Street (“No 10”). Ironicamente, usa, como base, uma notícia que é anterior à sua primeira notícia. http://tinyurl.com/grdtlfe

18:51 – Como um cancro, a notícia falsa alastra-se pela imprensa portuguesa, que, quando não é a primeira, tem toda a pressa em ser a segunda e, logo, dar a notícia sem verificar. “Londres admite impor imposto para trabalhadores qualificados de outros países europeus”, diz o Negócios. http://tinyurl.com/znc4jbg
1000 partilhas geradas com uma não notícia. Receitas de publicidade. Clicks, clicks! Alarme! Choque! E a decadência progressiva da imprensa portuguesa, arrasada na sua credibilidade.