segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O PACIFISMO DOS REVOLTADOS

"É um fenómeno curioso:

O País ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto.

Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.

Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados".


Miguel Torga

domingo, 29 de janeiro de 2012

O PAGADOR DE PROMESSAS


Não tenho qualquer filiação partidária. Considero-me um indivíduo de esquerda, socialista, defensor acérrimo do Estado Social e do Serviço Nacional de Saúde. Oponho-me, frontal e veementemente, às ideologias que não respeitem os princípios de equidade, liberdade e respeito pela pessoa humana. Abomino toda e qualquer ideia que valorize ou aceite o neoliberalismo económico na condução dos desígnios da humanidade – considero os ultraliberais execráveis.

Tudo isto para dizer que, por princípio, nada me deveria motivar para desconsiderar o actual líder do PS; salvo as suas afinidades com o líder do PSD (por enquanto primeiro-ministro) e o ministro José Relvas; correlações que remontam ao tempo em eles deambulavam pelas esferas das juventudes partidárias respectivas.

Esperei, apesar de tudo, que o Secretário-Geral do PS interiorizasse mais as suas responsabilidades de líder do maior partido da oposição; que respeitasse mais os ideais do 25 de Abril e defendesse escrupulosamente a Constituição da República Portuguesa. Acreditei, ainda, que a defesa da equidade (toda ela defendida na CRP) não se resumisse a somente 50%; isto é: quando se considera que o corte do subsídio de Natal e de Férias dos trabalhadores da Função Pública e dos Aposentados é um acto inconstitucional, exigir a aplicação do corte sobre somente um deles não deixa de ser inconstitucional, ao manter-se o outro. O que está em causa é o desrespeito do princípio de equidade.

Estas e muitas mais situações poderiam ser relembradas no tão curto espaço de tempo que leva à frente do Partido, como, por exemplo, a abstenção violenta do OE 2012.

Hoje, o Público online relatava o seguinte:
O secretário-geral do PS, António José Seguro, anunciou hoje que o site do seu partido vai registar todas as promessas que for fazendo enquanto líder da oposição (Público online).
Faço-o para que fique claro a exigência que coloco quando apresento uma promessa”, disse o líder socialista, sublinhando que é preciso “dar exemplos para reconciliar as pessoas com a política”.

Pergunto eu, agora:

Registar as promessas para quê…?

Será que António José Seguro ainda acredita que poderia vir a ser Primeiro-Ministro…?

Isto não é ingenuidade, é cegueira…!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

PERDÃO




Perdão pelo glorioso século iniciado em 1480 que permitiu darmos novos mundos ao mundo, com os descobrimentos;
Perdão por termos enganado o Papa espanhol "Rodrigo Bórgia" (Alexandre VI) e os espanhóis na divisão do mundo, no Tratado de Tordesilhas;
Perdão por termos conseguido, ao fim de 60 anos, adquirir a nossa independência, em 1640;
Perdão pela coragem de, em 1640, termos sacudido o jugo espanhol;
Perdão por, no 1º de Dezembro desse ano, termos recuperado a nossa dignidade como povo;
Perdão por não gostarmos que nos destruam.

E, para que o perdão seja eficaz, acatemos a penitênciaAcabe-se com a celebração do 1º de Dezembro.

A seguir teremos de pedir desculpa por ainda sermos uma República.

Como democracia, esta ainda República está a chegar ao fim.
No Governo já há um ministro (veja quem) membro de uma Ordem Monárquica – Ordem de São Miguel da Ala – O.S.M.A. – Pedro Mota Soares.
O objectivo principal da O.S.M.A. é a defesa da Fé Católica, Apostólica Romana, a defesa do Rei e do Património Tradicional Português (…) (ver aqui).
Convém, pois, começar a fazer esquecer os símbolos da República – Acabe-se com o feriado comemorativo da implantação da República, em 5 de Outubro.

Quanto à democracia, ainda temos Parlamento; todavia, os deputados já não representam o povo: representam-se a eles próprios e, a maioria, representa, também, os interesses do governo.

Acerca do Presidente…?!
– Não! Recuso-me a falar dele…

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

AUMENTAM OS SUICÍDIOS NO PAÍS



– Coitado! Nunca imaginei…
– Mas, é a realidade… As pessoas parecem uma coisa, mas, lá no fundo vivem uma outra vida; é um drama permanente que leva a isto…
– Ele tinha assim tantos problemas que conduzisse a isto…?
– Estava sempre disposto a ajudar os outros; toda a gente podia contar com ele; havia, sempre, uma palavra de conforto para qualquer um… No entanto, vivia solitário com os seu problemas. A quem ele ajudou, se calhar, nunca se preocupou em reparar na mão estendida de quem dá. Por vezes, essa mesma mão estendida é o sinal de quem precisa…
– Que idade tinha ele…?
– De sofrimento, por volta de sessenta anos. De alegrias – parcas e pontuais de quem dá – dificilmente se contabilizam, pois diluem-se no esquecimento de quem recebe; talvez da infância e, mesmo essa, nem toda… Talvez dois ou três anos…
– Se eu soubesse, teria feito qualquer coisa para o ajudar… Há sempre uma solução…
– De certeza que esta não era a solução que ele quereria; mas, foi a que encontrou, depois de se lhe fecharem todas as portas…
– Mas, de qualquer maneira, nada justifica o suicídio…!
– Excepto o sofrimento…


Este poderia ser o diálogo ocorrido no velório de um dos suicidas, em cada vez maior número. Diálogos destes poderão ocorrer se, rapidamente, o governo não inverter o sentido da sua governação na destruição avassaladora da classe média. O sofrimento das pessoas é cada vez maior. Roubam-lhes Deus, a Pátria e a Humanidade. E, quando esta última lhes é subvertida, com ela cai a dignidade; e, com esta, o sentido da vida e a justificação de viver…

O alerta é-nos dado pelo aumento exponencial de suicídios nos últimos tempos. As pessoas valem mais do que estratégias políticas e económicas, na vã tentativa de justificar teorias pouco credíveis na defesa do capital. Uma vida vale mais que qualquer dívida, mesmo que esta seja a de um país. Principalmente quando se sabe que as dívidas dos países não são para se pagarem – são para se ir gerindo…!

domingo, 22 de janeiro de 2012

ACORDA!


Povo que lavas no rio
                        (Se calhar perto da Torre de Belém)
Que talhas com teu machado
                        (enquanto tiveres emprego…)
As tábuas do teu caixão…


Mas, se até o PR está a passar mal…! Que queriam…?

Oh povo, povo…!

Primeiro votaste nele…

Sim…! No presidente pago com pensões de reforma… sem vencimento…

Coitado!

Depois votaste neles… No Governo…


Mas, afinal ninguém votou neles…? Nem num, nem nos outros…?

Estão arrependidos…?!

Ou, simplesmente, foram mais uma vez enganados?!

O Povo português foi traído…!

O povo português foi apunhalado pelas costas, enquanto dormia…

Povo! Acorda, que ainda é tempo.

Acorda!

sábado, 21 de janeiro de 2012

SERÁ QUE O POVO ESTÁ A ACORDAR?




Na cidade berço da nacionalidade e Capital Europeia da Cultura – Guimarães – o povo começou a acordar.

Era uma vez… E, nove séculos depois, acorda de novo. Será que desperta…?

Vamos ver…

GRITO SILENCIOSO


De entre muitas crónicas que leio semanalmente, há um cronista que quase nunca perco – Pe. Anselmo Borges, no DN Opinião. Esta semana, fala-nos de ecumenismo.

E, explica, Anselmo Borges: "O ecumenismo (…) teve início no princípio do século XIX, mas, oficialmente, inaugurou-se com a Assembleia de Edimburgo em 1910. No entanto, só em 1948 se realizou em Amesterdão a primeira Assembleia Geral do Conselho Ecuménico das Igrejas, e a Igreja Católica só fez a sua conversão ecuménica profunda no Concílio Vaticano II (1962--1965), cujo cinquentenário se celebra este ano."

Mais à frente:
"(…) os cristãos foram despertando para uma consciência ecuménica global e, consequentemente, para a urgência do diálogo inter-religioso. Neste contexto, fez história o encontro entre 130 líderes religiosos mundiais, há 25 anos, em Assis, a convite do papa João Paulo II. Lembrando esse acontecimento, Bento XVI juntou, de novo em Assis, em Outubro passado, 300 líderes das principais religiões, numa "jornada de reflexão, diálogo e oração pela paz e pela justiça no mundo". Tema central: precisamente a paz e a justiça. Não foi por acaso que nessa semana o Conselho Pontifício Justiça e Paz publicou um documento, pedindo a criação de uma autoridade financeira mundial e criticando asperamente "o liberalismo económico sem regras e sem controlo". 'A situação actual é como uma guerra por causa da injustiça no mundo.'

Entre os responsáveis religiosos, de mais de 50 países, havia shintoístas, sikhs, budistas, confucianos, hindus, taoístas, jainistas, baha'is, zoroastrianos, iorubas, animistas, judeus, muçulmanos, católicos, ortodoxos, luteranos, anglicanos, baptistas... A novidade: também agnósticos e ateus."

Parece-me que há uma grande preocupação das entidades religiosas de quase todos os credos, a que se juntaram, também, agnósticos e ateus para denunciar o liberalismo económico e sem controlo.

Para que as pessoas tenham conhecimento, só falta cativar para este grupo os órgãos de comunicação para fazerem eco destas decisões e, de vez, se isolar o capitalismo diabólico e desenfreado que tenta destruir o próprio Homem. Espero que não seja tarde para os órgãos de comunicação social se libertarem das grilhetas que os prendem, se juntem ao povo e divulguem o despertar da humanidade.

Está na altura de declarar guerra à injustiça, à pobreza e às desigualdades. Está na altura de denunciar os poderes ocultos que manobram as marionetas que defendem e põem em prática os desígnios do liberalismo económico sem regras e sem controlo.

Quando ouvirem falar em "mercado", "leis do mercado", "auto-regulação do mercado"… desconfiem; aqui, mercado quer dizer opressão.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O ILUMINADO



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Depois de ler este texto, publicado no Público, do Professor António Cândido de Oliveira, da Universidade do Minho, demorei dois dias a refazer-me. Se já admirava o Professor A. Cândido de Oliveira, passei a respeitá-lo pela paciência que teve para conseguir ler "O Medo do Insucesso Nacional" – é preciso coragem!
De qualquer forma, o Sr. Ministro tem-se esforçado para "dar nas vistas" e demonstrar aquilo que de facto é – um iluminado.
Foi preciso o Sr. Ministro "apregoar" no seu livro, da forma brilhante que o fez, para eu perceber o real motivo da "crise de vocações sacerdotais" e que "a grande causa do declínio da Igreja Católica em Portugal" e da "indústria de produção de sacerdotes" se deve "à perda de competitividade, pois os custos de produção de sacerdotes são demasiado altos e o preço do sacerdócio é extremamente elevado".
Bem haja, Sr. Ministro…!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

DESTRUIÇÃO DA CLASSE MÉDIA



Leio nas notícias que o governo não quer negociar o alargamento dos prazos para pagamento do défice; o ministro das finanças antevê não conseguir cumprir a meta estabelecida com a "troika"; prevêem-se novas medidas de austeridade que, naturalmente, irão prejudicar ainda mais a classe média.

Pensando sobre estas ameaças, relembro o Diálogo entre Colbert e Mazarin durante o reinado de Luís XIV, retratado na peça teatral de Antoine Rault – Le Diable Rouge:

"Colbert: Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…
Mazarin: Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado… é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarin: Criando outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarin: Sim, é impossível.
Colbert: E sobre os ricos?
Mazarin: - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como faremos?
Mazarin: Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!"


E é assim… Cada vez me convenço mais e reconheço que este governo não é incompetente, não é inexperiente, não é fruto de um mau "casting"… Ele é mesmo aquilo que, em público e em alta voz, não ousamos chamar… e o que faz é intencional…!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

QUE MAL CUIDE EM PERGUNTAR (6)



Questionado, no início de 2011, pela falta de posição assumida relativamente ao PEC 4, Cavaco Silva, Presidente da República, respondeu:

– "Pela forma como o PEC 4 foi apresentado, pela falta de informação, pelas declarações que foram feitas quase nas primeiras horas ou até nos primeiros dias, nada pude fazer.

E agora, Sr. Presidente…?!

Recentemente (até os magistrados apelaram para o vício de inconstitucionalidade do projecto de Orçamento de Estado para 2012), considerou inconstitucional (alegando falta de equidade, entre outras coisas) a forma como estava consignado o corte de subsídio de Natal e de Férias para uma parte da sociedade portuguesa – os funcionários públicos e os reformados (mas, nem todos…).

Mesmo assim, promulgou a Lei do Orçamento para 2012… Apesar do orçamento apresentado não ter sido surpresa, não ter havido falta de informação, o consenso de desagrado ao projecto apresentado era generalizado…


Que mal cuide em perguntar:

o que terá acontecido para, no mínimo, não ter sido pedida a fiscalização preventiva do documento ao Tribunal Constitucional…?

– Será que o Senhor Presidente pensa que haverá Partidos Políticos que requeiram ao Tribunal Constitucional a apreciação ou a fiscalização do novel orçamento…?

ou

– O respeito pela Constituição já caiu em desuso…?