sábado, 12 de agosto de 2017

DAS MINHAS CONVERSAS POR E-MAIL (8)




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Ao passar os olhos pelas páginas do Público, antes de o ler com mais atenção, os meus olhos quedaram-se na página 42 no anúncio do livro de John Locke – Dois tratados do governo civil.

Foi o suficiente para pôr a minha imaginação a trabalhar e fazer ressurgir a minha revolta surda.

Passados quase três séculos, depois de múltiplas revoluções e contra-revoluções na área social e dos direitos humanos, de se discutir Karl Marx e Hengel, sem que, na maioria das vezes, tenham lido algo deles, de se opinar sobre os direitos sociais, sem saber nada do que isto representa, de apelarem aos grandes marcos da sociedade livre – a revolução americana, a revolução francesa, a revolução soviética (desvirtuada rapidamente) e da própria revolução de Abril de 1974 – sem se importarem pelas suas géneses, não vou estranhar que pouco se saiba sobre John Locke.

E, foi assim, que percebi: se a maior e mais antiga democracia do mundo, pelo menos na visão mais moderna de democracia elege uma figura tão asna, iliterata e desrespeitosa dos mais elementares direitos humanos, como se poderia saber que Locke escrevera o primeiro tratado como refutação ao pensamento absolutista e do direito hereditário de Robert Filmer, em Patriarche?

Mais, ainda, quando em pleno século XXI, o servilismo do poder absoluto e das benesses atribuídas aos seus lacaios consente o exercício “político” de um homem que ignora os mais elementares princípios de Equidade, Justiça e Liberdade – Donald Trump –, pondo em risco o equilíbrio social da Humanidade? […]

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