terça-feira, 28 de agosto de 2012

A GRANDEZA DOS SIMPLES


 (Vila Real de Santo António, 18 de Fevereiro de 1899 — Loulé, 16 de Novembro de 1949)


Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério

Sem querer fazer juízos de valor ou, tão pouco, especular sobre os interesses obscuros que estão por detrás do "Negócio" da RTP (venda, oferta, pagamento-de-promessa, favor, etc.), lembrei-me de António Aleixo e da simplicidade dos seus versos na análise profunda e magnânima da sociedade; principalmente, dos poderosos opressores.

Lembrei-me, outrossim, do contraste deste homem – grande, na sua simplicidade – com a pequenez, mediocridade e incompetência daqueles que – não passando de meras marionetas – se arrogam a senhores do mundo…

Assim, à laia de desabafo, reproduzo alguns versos de António Aleixo – eloquente saber popular que ofuscaria, hoje, os "doutores" que nos governam.

Aleixo, esse sim!…Tinha créditos para ser doutor, não o foi. Mostrou somente a grandeza da sua simplicidade.

Sei que pareço um ladrão…
mas há muitos que eu conheço
que, sem parecer o que são,
são aquilo que eu pareço.

Eu já não sei o que faça
p'ra juntar algum dinheiro;
se te vendesse a desgraça
já hoje eu era banqueiro.

Tu não me emprestas dinheiro
porque não tenho vintém;
mas se to pede um banqueiro
quer vinte, ofereces-lhe cem.

Desce à escala a que pertenço
que, com certeza, acharás
muito justo o mal que penso
dos que estão onde tu estás.

Entre leigos ou letrados,
fala só de vez em quando,
que nós, ás vezes, calados,
dizemos mais que falando.

Homem que te julgas fino
sem qu'rer que alguém em ti mande,
tornas-te mais pequenino
sempre que te julgas grande.

Que o mundo está mal, dizemos,
e vai de mal a pior;
e, afinal, nada fazemos
p'ra que ele seja melhor.

Como és vil, humanidade!…
não olhas para as desventuras:
as chagas da sociedade,
podes curar, e não curas

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

QUE POVO É ESTE QUE DEIXA MATAR OS SEUS FILHOS E NÃO REAGE…?



O Governo, o escolhido pelos "donos do mundo" para a execução de uma estratégia destruidora do património português, não deu, desta vez, a cara, nem quis correr riscos de enviar o ministro da propaganda, já descredibilizado. Desta vez, refugiou-se num assessor (há pouco tempo despedido do FMI para vir ocupar altas responsabilidades na destruição do País), não aproveitando nenhum dos comentadores televisivos a quem costuma encomendar este tipo de serviços (Marcelo ou Marques Mendes) – tal era a importância do acontecimento que não permitia que se cometessem erros, nem correr riscos, como o ocorrido com o Professor Marcelo na tentativa de lavar a responsabilidade do roubo do subsídio de Natal. De facto, o governo subiu a parada e entregou o serviço ao seu conselheiro e ministro-sombra, responsável da secção de vendas a retalho do País – António Borges.

"- A notícia sobre a 'hipótese em cima da mesa', de concessão do serviço público a um privado e encerramento da RTP2, foi dada em primeira mão ao jornal Sol que a anunciou na sua edição electrónica [] antes de ser divulgada pela TVI, no Jornal das 8…."

"- A notícia do SOL é assinada exclusivamente pelo vogal do conselho de administração do jornal, José António Lima, e não por jornalistas que geralmente cobrem os temas televisão e media, o que sugere ter o assunto sido tratado apenas ao mais alto nível no seio do jornal por alguém em posição de deter e poder controlar a divulgação da informação conveniente." (vide "Vai e Vem")

A exemplo da venda EDP, da REN, do Pavilhão Atlântico (este aparentemente ficou em casa, como se pode ler em "Sair da crise é possível…") a nossa riqueza, a riqueza dos nossos filhos está a ser desbaratada.

Um povo sem memória, sem bens pessoais, sem cultura própria, sem herança do passado está condenado ao desaparecimento – à morte. Já não seremos nós quem morre por estes motivos, mas os nossos filhos que, sem heranças do passado, estarão a ser absorvidos por outras culturas, em suma, a serem destruídos, mortos… E… somos nós que o estamos a permitir.

Como nos poderemos qualificar ao deixarmos morrer o que foi gerado nas nossas entranhas…?

São os nossos filhos…

terça-feira, 21 de agosto de 2012

SER PRESIDENTE



José Alberto Mujica Cordano (Montevideu, 20 de maio de 1935) é um agricultor e político uruguaio, actual presidente da República Oriental do Uruguai, eleito em 29 de novembro de 2009.

Já foi deputado, ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca e, durante a juventude, militou em atividades de guerrilha, como membro do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros [o Movimento de Liberação Nacional – Tupamaros (MLN-T), ou simplesmente Tupamaros, foi uma organização de guerrilha urbana uruguaia, que operou nas décadas de 1960 e 1970, durante a ditadura civil-militar no Uruguai (1973-1985)].

Todos os dias ele embarca no seu Carocha azul de estimação, com destino ao seu pequeno lugarejo – Rincón del Cerro, nos arredores de Montevideu –, onde vive com a sua mulher, a senadora da República Lúcia Topolansky. A casa é discretamente vigiada por dois seguranças. No fim do mês, quando recebe o salário de US$ 12,5 mil (à volta de € 10.000,00) de presidente do Uruguai, José Pepe Mujica separa US$ 1,25 mil (aproximadamente € 1.000,00) e doa o restante, cerca de 90%, a pequenas empresas e ONG's que trabalham com habitações populares. (vide Mário Marcos)

– "Este dinheiro me basta, e tem que bastar porque há outros uruguaios que vivem com menos" – costuma repetir este uruguaio de maneiras simples, 77 anos, que, em reportagem do jornal espanhol El Mundo, foi chamado de “o presidente mais pobre do mundo”.

Como transporte oficial, em vez dos carrões com ar-condicionado dos demais presidentes, ele usa um Opel Corsa. A sua mulher, a senadora Lúcia Topolansky, companheira de muitos anos, também doa boa parte de seu salário. Mujica vive de forma espantosamente simples, apesar de presidir um dos países mais importantes da América do Sul, nunca usa gravata (é quase sempre uma camisa branca com casaco) e convive com os mesmos amigos de antes da eleição que o conduziu ao poder. É capaz de pegar o Carocha (VW), ir até uma loja de ferragem comprar um acessório de casa de banho e, no caminho, parar num pequeno estádio para animar os jogadores do Huracán, equipa da segunda divisão, e prometer um churrasco caso subam para a Série A. Sem contas bancárias ou dívidas, de acordo com El Mundo, ele apenas repete que espera concluir o seu mandato para um descanso sossegado no Rincón del Cerro.

A vida simples não é mera figuração ou tentativa de construir uma imagem, segundo as orientações de um especialista de Marketing. Esta forma de estar na vida faz parte da própria formação de Mujica, um homem que lutou contra a ditadura, foi preso, lutou pelo retorno à democracia e hoje é presidente eleito do país. Tudo isso sem abrir mão das suas convicções, em nenhum momento – a ponto de rejeitar a ideia de mudança da sua vida por ser chefe de Estado.

Mujica não se preocupa em reforçar os seus esquemas de segurança, mesmo quando circula no Carocha (VW) ou no Opel Corsa – e, claramente, não está a bordo de veículos blindados…

O que causa profunda admiração no Presidente Mujica, independentemente das razões destacadas acima, é ver alguém que se recusa a renunciar às suas próprias convicções, mesmo desafiando todas as regras do protocolo. Ele pensa da seguinte forma:

- Lutou a vida inteira por eles, arriscou sua segurança e de sua própria família, porquê mudar agora…?
- Foi eleito, certamente, pelas suas ideias e estilo de vida.

O mundo seria um lugar bem melhor e, com toda a certeza, muito mais pacífico se tivéssemos outros Mujicas à frente dos diversos países…


Não quero comparar este Homem com os nossos governantes, pois há uma enorme diferença em relação a José Mujica. Este é do povo, lutou ao lado do povo, sente o próprio povo, anseia pela melhoria social do povo e… defende o povo…

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Consenso de Washington = Neoliberalismo



Consenso de Washington é uma forma mais simpática de nos referirmos ao Neoliberalismo. A expressão Consenso de Washington nasceu em 1989. Foi criada pelo economista inglês John Williamson, ex-funcionário do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Numa conferência do Institute for Intemational Economics (IIE), em Washington, Williamson inventariou as políticas que o governo dos Estados Unidos preconizava para a crise económica, de então, nos países da América Latina. Por decisão do Congresso Norte-americano, as medidas do Consenso de Washington foram adoptadas como imposições na negociação das dívidas externas dos países latino-americanos. Acabou por se tornar o modelo do FMI e do Banco Mundial para todo o planeta.

O neoliberalismo advoga acerrimamente que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. Segundo seus defensores, a presença do Estado na economia inibe o sector privado e trava o desenvolvimento. Algumas das suas características são:

-        Abertura da economia através da liberalização financeira e comercial e da eliminação de barreiras aos investimentos estrangeiros (uma forma subtil de invadirem um Estado soberano sem recorrer à guerra convencional);
-        Amplas privatizações (para se ressarcirem das despesas provocadas pela invasão);
-        Redução de subsídios e gastos sociais por parte dos governos (enfraquecendo o povo impede-se a capacidade de revolta e de retaliação);
-        Desregulamentação do mercado de trabalho para permitir novas formas de contratação que reduzam os custos das empresas (desta forma fragiliza-se a garantia de trabalho, estimula-se a falta de solidariedade de classe, impondo a arbitrariedade das decisões).

Historicamente, as ideias do neoliberalismo contrapõem-se ao keynesianismo – ideário formulado pelo economista John Keynes (1883-1946), dominante no período do pós-guerra, a partir de 1945, que defendia um papel determinante e uma presença activa do Estado na economia como forma de impulsionar o desenvolvimento.

Outro termo que passou a designar a actual fase da economia mundial é globalização. A palavra indica que há crescente interdependência entre mercados, governos, empresas e movimentos sociais a nível global o que, por si só, não deveria ser um mal. Todavia, a exemplo de muitas outras manipulações preconizadas pelo homem, aquilo que poderia ser um bem tornou-se numa praga.

Fomos nós, os portugueses, quem, no Século XV, iniciou a globalização…

Foi, remotamente, esse intercâmbio de riquezas e saberes que forneceu a base para a Revolução Industrial, no fim do século XVIII. As descobertas científicas e as invenções provocaram enorme expansão dos sectores industrializados e ampliaram o mercado para a exportação de produtos.

Com a expansão do comércio, ocorreu a intensificação do fluxo de capitais entre os países. A busca do maior lucro levou as empresas a investirem cada vez mais no mercado financeiro, o qual se tornou o epicentro da economia globalizada.

A presente mobilidade do mercado mundial permite que as grandes empresas façam relocalizações de fábricas – nome que se dá ao encerramento de unidades de produção num local e sua abertura noutra região ou noutro país. Esse mecanismo é fundamentalmente usado para cortar gastos com mão-de-obra.

Actualmente, os maiores investidores internacionais podem, com o simples acesso ao computador de um banco, retirar milhões de dólares de nações nas quais vislumbram problemas económicos. Quando os países se tornam excessivamente vulneráveis a esses movimentos bruscos de capital, os organismos internacionais como o FMI podem conceder empréstimos (eufemismo de roubo) para que possam enfrentar a fuga dos dólares ou dos euros. Em contra-partida, os governos beneficiados ficam obrigados a obedecer ao receituário ditado pela instituição, que é basicamente o estabelecido pelo Consenso de Washington.

O grave é que, além de penalizarem as populações carentes, por causa da desactivação ou da desaceleração dos investimentos sociais, essas políticas tendem a travar o crescimento económico, por força da maior carga tributária, do congelamento de investimentos públicos, da elevação dos juros e dos encargos do crédito concedido.

As reformas neoliberais nunca trazem progresso, nem melhoram a distribuição da riqueza. Na maior parte das vezes, a pobreza cresce desenfreadamente até à miséria total.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

QUE SE LIXEM AS ELEIÇÕES…?



Passos Coelho voltou a brindar os portugueses com a sua "eloquente linguagem" que os mais complacentes considerariam de abusivo uso das figuras de estilo. Para mim é parolice, bacoquice, vernáculo saloio… enfim, não deveria ser linguagem de uma figura de Estado…

"Ainda há quem pense que, depois deste ínterim, o regabofe pode voltar. E que podemos, como era dantes, saciar as elites com dinheiro e o povo com promessas, mesmo aquelas que depois sabem a fel na nossa boca. Muitos pensam que é por aqui que passa o futuro. Enganam-se!" (Passos Coelho -'festa' do Pontal, 14 de Agosto de 2012).

Claro que se enganam! Não é por aí que passa o futuro! Por aí anseia-se o passado; o passado mais obscuro que Portugal já passou; o passado do obscurantismo, da iliteracia, da mortalidade infantil, das curandeiras e curiosas que tratavam as populações doentes; o passado das vãs promessas, da falta de carácter e da falta de respeito pela equidade e por quem trabalha.

"O tempo dos privilégios acabou. É tempo de quem tem mérito mostrar o que vale." (Passos Coelho -'festa' do Pontal, 14 de Agosto de 2012).

Se isso fosse verdade, este governo já há muito teria acabado, o Presidente teria resignado e o povo teria escolhido nova gente para o governar – com mérito.

"Temos a ambição de poder vir a renovar o mandato, porque Portugal precisa de mudar, continuamente, para não voltar à cultura da facilidade e do endividamento." (Passos Coelho -'festa' do Pontal, 14 de Agosto de 2012).

O que é que o Dr. Passos Coelho não percebe quando ele próprio diz que Portugal precisa de mudar? É verdade…! Precisa de mudar…! E, para mudar, não será com os mesmos. A esses, que teimosamente se mantêm, jamais se lhes poderá renovar o mandato. E, que mal cuide em perguntar: foi a cultura da facilidade e do endividamento que deu origem à crise? – Se, como diz, não se preocupa com as eleições é tempo de falar verdade. Basta de tanta hipocrisia!

"Não perco a esperança de que Portugal possa ter uma Constituição melhor." (Passos Coelho -'festa' do Pontal, 14 de Agosto de 2012).

Eu também não perco esperança idêntica…! Só com uma pequena diferença: Eu quero uma Constituição melhor; não quero a de Passos Coelho. E, como eu, pensa a esmagadora maioria da população portuguesa. O mal de Passos Coelho é que vivemos numa democracia (por enquanto, conceitua ele) – isto é, impera a vontade da maioria. Para tamanha responsabilidade como esta não passamos cheques em branco.

"Supúnhamos que a recessão de 2011 fosse mais forte do que foi. Esperávamos que a recessão em 2012 não fosse tão grave quanto está a ser." (Passos Coelho -'festa' do Pontal, 14 de Agosto de 2012).

Considero que a isto não se poderá chamar distracção. Isso que PPC desabafou chama-se incompetência!

"No que era importante não falhámos." (Passos Coelho -'festa' do Pontal, 14 de Agosto de 2012).

Então, o que era importante? Se o País está sobejamente pior…! O importante não deveria ser o País e os próprios portugueses …? Não deveria ser importante preocuparem-se com o bem-estar da população, com a saúde, com o emprego, com a economia, etc.?

Ou será que, para este governo, importante é a Troika e as suas determinações, mesmo que contrárias ao interesse do próprio povo?

Que importa…? Que se lixem as eleições…!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

OS INCAUTOS



Acredito (e tenho a certeza!) que existe muito boa gente no PSD e no CDS…! Gente bem formada, de sãos princípios, generosa, solidária… Gente que sofre tanto como qualquer outro português. Quase arriscaria dizer: gente que sofre mais do que a outra gente não simpatizante destes partidos, porque acreditou em vãs promessas e foi traída. Gente que passa despercebida e não é conhecida nem pretende sê-lo.

Os que são conhecidos são sempre os mesmos; já intervieram em tempo certo (e plenos de oportunidade) nas negociatas dos BPN, Submarinos, Helicópteros, Freeports, Cursos Superiores Relâmpagos e tantas mais trampolinices que ainda desconhecemos… por enquanto.

Os trampolineiros são sempre os mesmos. Como têm consciência de que a alternância para eles é de curta duração, há que aproveitar – "que se lixem as eleições…!" – não irão ter muito tempo para [se] governarem. E, assim, aproveitam e aproveitam-se…

Espero que não tenhamos de esperar até às próximas eleições para corrigirmos o erro criado em 2011 na escolha do "casting governativo" – este não prestou nem presta.

É tempo de deixarmos de ser Incautos!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

HÁ GENTE PARA TUDO…! (2)



A criação do SNS, formalizada através da Lei 56/79, estabelece o direito de todos os cidadãos a um sistema de saúde universal, geral e tendencialmente gratuito.

Só um governo despudorado, a governar segundo ordens e interesses de estrangeiros, pode ignorar as conquistas do SNS. As suas verdades inquestionáveis sobre gastos, eficácia e eficiência do SNS não passam de mitos não sustentados pela realidade.

Vejamos:

Entre 1960 e 2009, a mortalidade infantil passou de 29‰ para 3‰, valor inferior à média da OCDE (4,4 ‰). Nas últimas décadas Portugal foi o país da OCDE que mais melhorou neste indicador, com uma média de redução anual de 6,8% (média da OCDE, 4,5%). Quanto à esperança média de vida, passou de 63,9 para 79,5 anos, atingido a média da OCDE.

O crescimento da despesa em saúde não é uma singularidade portuguesa. O crescimento médio anual per capita, entre 2000 e 2009, foi um dos mais baixos na OCDE (1,5% de crescimento médio anual, comparado com os 4% de média). O país está abaixo da média em despesas de saúde per capita, quer se trate de despesa pública quer de despesa privada (ver artigo da Dra. Ana Matos Pires, no Económico).

A questão que, entretanto, coloco – sabendo que nunca irei ter resposta a esta pergunta – é se, nas facturas que o governo irá entregar aos utentes das urgências e das consultas externas, com a indicação dos custos dos cuidados prestados, irá indicar os valores de serviços idênticos praticados nos restantes países da OCDE.
Como notou a Dra. Ana Matos Pires: num estudo sobre eficiência dos sistemas de saúde, Portugal apresentava melhores indicadores de qualidade e tinha menos despesa per capita que a média da OCDE; estava entre os seis países mais eficientes e em que os custos administrativos do sistema eram menores em termos percentuais do custo global (abaixo dos 2%).

E, ainda relativamente às facturas e à informação das despesas "reais":

- Será que o Sr. ministro da saúde está preocupado com a eficiência do SNS…?
- Irá apresentar indicadores de eficácia comparados com os anos anteriores…?

Como se pode destruir uma das melhores coisas que possuíamos…?

Não sei...! Mas, há gente para tudo…!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

HÁ GENTE PARA TUDO…!



Até ao final do ano, todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde deverão entregar aos utentes das urgências e das consultas externas uma factura virtual com os custos dos cuidados prestados. Como se mandassem à cara de cada doente o epíteto de desavergonhado e abusador – Não têm vergonha de só pagarem essa importância, quando os gastos são bastante superiores…?

Uma atitude desta natureza, para mim, entendo-a como uma manifestação de desprezo por quem necessita de ir às urgências ou de utilizar o Seu (de cada cidadão) Serviço de Saúde. Sim…! O Seu Serviço de Saúde; porque é Nacional (da Nação), de cada um que faz parte desta Nação. Não é um serviço estatal (ou governamental) de saúde.

A experiência piloto deste projecto arrancou na terça-feira no Hospital de S. José, em Lisboa. Segundo a Administração Central dos Sistemas de Saúde (ACSS) vai avançar até ao fim deste ano nas restantes unidades hospitalares públicas.

Pergunto: – Para quê…?

Para humilhar quem não pode recorrer a outro serviço, que não o público…?

– Para os apodar de gastadores…?

– Para justificarem a sua incompetência na gestão do Nosso Serviço Nacional de Saúde, alegando que é muito dispendioso…?

Já chega…! O dinheiro é nosso (dos contribuintes). Exigimos competência na sua gestão e que não nos continuem a pôr em cara que "somos gastadores". Não nos ofendam mais…! Demitam-se, por favor!

Um povo doente, sem esperança, debilitado não pode progredir, nem valorizar a economia. É isso que querem, a exemplo das muitas outras más práticas vossas…?

Segundo Alexandre Lourenço, do conselho directivo da ACSS, mais tarde prevê-se que possa também ser entregue uma factura virtual para os internamentos.

Despesa há, isso sim, no clientelismo gerado à volta destes casos:

- Mais assessores informáticos para estudarem as aplicações a utilizar;

- Mais serviços de outsourcing (gestão de "afilhados"…) para fornecerem o software necessário ao bom desempenho dos serviços (que deveriam ser de saúde, mas, dadas as circunstâncias, são burocráticos);

- Mais despesa com consumíveis (papel, tinta…);

- E, depois disto tudo, criar um "órgão de missão" (como é, agora, bonito e usual chamar-se às comissões) para estudar o diferencial entre a despesa real e a esmola concedida…

Será que foram os patrões deste governo – a Troica – quem os mandou fazer este exercício de dominação…?

Não sei...! Mas, há gente para tudo…!

EUROTOPIA



Alfred Heineken fez mais do que apenas cerveja. Também pensou sobre coisas como o futuro da Europa e a melhor forma de agir. "Proponho uma Europa Unida de 75 Estados", escreveu num panfleto publicado no verão de 1992.


Heineken, um idoso criativo, com imenso tempo e dinheiro, era famoso por ter ideias bizarras. E a da sua Europa foi rapidamente esquecida. Infelizmente, porque, vinte anos depois, é mais actual do que nunca.
  
O tempo em que as pessoas eram ignorantes e obedientes já passou. Era o tempo em que os seus dirigentes não se incomodavam com exigências de transparência, eficiência, democracia e responsabilidade. O progresso tecnológico gerou sempre perturbações políticas, muitas vezes à custa de quem está no poder. A Internet, como a imprensa antes dela, dá às pessoas acesso à informação e poder para criar e distribuir, minando a ordem estabelecida por toda a parte – não apenas no mundo árabe ou em outros países onde os direitos humanos ainda não são reconhecidos.

É por isso que os Estados mais evoluídos fazem o que podem para satisfazer gente cada vez mais exigente e emancipada – descentralizam. O Reino Unido, a Alemanha, a França, a Espanha, a Itália, todos delegaram poderes nas últimas duas décadas. Quanto mais próximo estiver o poder, mais transparente, eficiente, democrático e responsável é.

Tudo o que tem uma função tem um tamanho ideal. Uma caneta pode ser maior ou menor, mas precisa de ser utilizável. O Estado social europeu tem várias funções. Precisa de proteger o seu território em relação ao exterior, defender o Estado de direito, prestar cuidados de saúde, promover a educação, cuidar das estradas e das florestas e – em maior ou menor grau – distribuir a riqueza.

O problema é que cada uma dessas funções tem o seu tamanho ideal e que, num mundo em permanente mudança, continuam a divergir. O resultado não é o Estado deixar de funcionar – apenas deixa de funcionar bem. Como uma caneta do tamanho de uma vassoura ou tão pequena como uma lasca de madeira – continua a ser possível utilizá-la, mas não é muito prático

Crescemos tão acostumados à actual divisão do continente que qualquer sugestão para mudar recebe um sorriso complacente – na melhor das hipóteses.

Mas é assim tão disparatado?

Ganhemos um pouco de distância e tentemos ver a imagem no seu conjunto. Não é uma ideia assim tão má, essa dos Estados Unidos da Europa. Teríamos um pequeno governo federal, eleito diretamente, e inúmeros governos locais, de Estados de tamanho similar – não muito diferentes dos EUA. Poderíamos assumir uma posição conjunta no cenário global e, ao mesmo tempo, decidir a nível local se devem ser autorizadas as touradas ou o consumo de marijuana. Muito dos nossos problemas actuais desapareciam: criava-se, desta forma, um equilíbrio entre os Estados grandes e os mais pequenos, o Norte a ter de apoiar financeiramente o Sul.

Heineken chamou-lhe "Eurotopia" – uma fusão de Europa e utopia. Estava perfeitamente ciente do cepticismo que a ideia iria suscitar. Mas tempos radicais impõem medidas radicais. E perante o caminho que tudo leva, prefiro utopia a distopia.

(Compilação de um artigo de Philip Ebels, em Presseurop).

sábado, 4 de agosto de 2012

FUNDAÇÕES



Ou o grupo de trabalho do governo não sabia, de todo, o que estava a fazer… ou não estava preparado para cumprir a missão que lhe foi confiada… ou usou, pura e simplesmente, de má-fé… ou, ainda, pretendia-se atingir outros objectivos pouco confessáveis…

O simples facto de ter divulgado os resultados do Relatório de Avaliação das Fundações, sem que antes tivesse notificado os avaliados para que se pudessem pronunciar sobre a avaliação que lhes tinha sido feita, é uma grosseira violação do princípio do contraditório.

Como diz Estrela Serrano no "Vai e Vem", não foram acautelados, assim, "os efeitos irremediáveis na reputação das Fundações que tivessem sido alvo de erros ou lacunas, que sempre existiriam num universo tão fluído e disperso como se antevia e se veio a provar".

Em resposta a esta manifesta incompetência do Governo (solidariamente responsável pelos actos da comissão que nomeou), o reitor da UL – Professor Sampaio da Nóvoa –, em carta aberta a Passos Coelho, enumera os inúmeros dislates.

O relatório, na maioria dos casos das ponderações feitas às Fundações Universitárias, confunde candidaturas a projectos de investigação nacionais e internacionais, com apoios ou subsídios financeiros às suas actividades. Erro grosseiro…!

Erros como este não acontecem por acaso…!

Como escreve Júlio, no "Aspirina B": "pura ignorância, talvez, mas agravada pelo preconceito ideológico e pelo factor premeditação, pois o Crato já disse que quer acabar com as fundações universitárias. É o típico casamento da incompetência com a manipulação".


OBJECTIVOS DO MILÉNIO (2)





Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio surgem da Declaração do Milénio das Nações Unidas, adoptada por 191 estados membros no dia 8 de Setembro de 2000.
Irei dissertar um pouco sobre o 2º objectivo:





2º – Atingir o ensino básico universal



Apesar das grandes melhorias neste domínio, em muitos países, não é provável que se venha a atingir a meta. A escolarização no ensino primário tem continuado a aumentar, tendo atingido 89% no mundo em desenvolvimento, em 2008. Entre 1999 e 2009, a escolarização registou um aumento de 18 pontos percentuais na Ásia Subsariana e de 11 e 8 pontos percentuais, no Sul da Ásia e no Norte de África, respectivamente.

Cerca de 69 milhões de crianças em idade escolar não frequentava a escola em 2008, em comparação com 106 milhões, em 1999. Quase três quartos destas crianças vivem na África Subsariana (31 milhões) ou no Sul da Ásia (18 milhões).

As taxas de abandono escolar na África Subsariana mantêm-se elevadas. Alcançar o ensino primário universal exige mais do que a escolarização plena. Implica garantir também que as crianças continuem a frequentar a escola. Na África Subsariana, mais de 30% dos alunos do ensino primário abandonam a escola antes de concluir o último ano do ciclo.

Além disso, é essencial assegurar que haja professores e salas de aulas suficientes para satisfazer a procura, sobretudo na África Subsariana. Estima-se que, para atingir a meta do ensino primário até 2015, nesta região, seja necessário o dobro do número actual de professores.

O QUE RESULTOU

- Abolir as propinas no Burundi, Etiópia, Gana, Quénia, Moçambique, Malawi, Nepal e Tanzânia.
- Investir na infra-estrutura e recursos escolares no Gana, no Nepal e na Tanzânia.
- Promover a educação das raparigas no Botsuana, no Egipto e no Malawi.
- Alargar o acesso às zonas rurais remotas na Bolívia e na Mongólia.

O QUE ESTÁ A FAZER A ONU?
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) dá apoio a países no domínio da criação de sistemas de educação básica de qualidade que abranjam todas as crianças incentivando os países a adoptarem quadros jurídicos que garantam 8-10 anos de educação básica ininterrupta.

Na Etiópia, o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) apoia um programa denominado “Berhane Hewan” que defende o fim dos casamentos de crianças e é a favor de manter as raparigas na escola.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) fornece refeições escolares, que constitui um grande incentivo para que os pais mandem os filhos para a escola e ajuda a dar às crianças a base nutricional que é essencial para o seu futuro desenvolvimento e bem-estar físico.

A Comissão Económica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental (CESAO) estabeleceu uma parceria com a UNESCO para procurar resolver os problemas que afectam a educação em meios politicamente instáveis. A CESAO foi responsável pelas infra-estruturas, enquanto a UNESCO se encarregou da formação e da ciberaprendizagem.
Fontes: www.un.org/millenniumgoals.Relatório sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 2010, Nações Unidas; UN MDG Database (http://mdgs.un.org); MDG Monitor Website (www.mdgmonitor.org); What Will it Take to Achieve the Millennium Development Goals? – An International Assessment 2010, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); Iniciativa das Nações Unidas para a Educação das Raparigas, UNICEF (WWW.UNGEI.ORG); Fundo Das Nações para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO); Programa Alimentar Mundial (PAM); Comissões Regionais das Nações Unidas, escritório de Nova Iorque.
Porque é que eu tenho a sensação de que em Portugal se está, presentemente a fazer tudo ao contrário… Estaremos a regredir…?

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

OBJECTIVOS DO MILÉNIO (1)



Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio surgem da Declaração do Milénio das Nações Unidas, adoptada por 191 estados membros no dia 8 de Setembro de 2000.

Irei dissertar um pouco sobre o 1º objectivo:


1º – Erradicar a pobreza extrema e a fome

1.200.000.000 – mil e duzentos milhões – de pessoas sobrevivem com menos do que o equivalente a US$1,00 por dia (este valor é calculado em analogia com o poder de compra de cada moeda nacional).
Esta situação já tinha começado a mudar em pelo menos 43 países, cujos povos somam 60% da população mundial. Nesses países havia avanços no sentido da meta a atingir em 2015: "reduzir para metade o número de pessoas que ganham quase nada e que, por falta de oportunidades como emprego ou outros rendimentos, não consomem e passam fome".


As perguntas que me ocorrem fazer são:

a) - Esta crise económica e financeira, provocada pelo grande capital, não terá já reduzido as espectativas dessas populações…?
b) – Não estará a aumentar, nos países até há bem pouco tempo considerados desenvolvidos, o número de pessoas que sobrevivem com menos do que o equivalente a US$1,00 por dia…?
c) – Não estarão os mais ricos do mundo, que têm fortunas depositadas em paraísos fiscais correspondente ao valor do PIB norte-americano e japonês juntos, a querer o mundo só para eles, servidos por 7.000.000.000 de escravos (população do mundo)…? (ver fonte)
d) – E o nosso governo: serve o povo que o elegeu ou serve o grande capital que nos domina…?
e) – E a Europa, a Alemanha, os EUA, a China, a Rússia, etc.…?

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

CONSEQUÊNCIAS DA CRISE



Depois de ter recebido alguns e-mails com mensagens semelhantes, embora com pequenas diferenças, resolvi publicar este post como súmula das notícias recebidas.

NA GRÉCIA:


 I - Zeus vende o trono a uma multinacional coreana.
II - Aquiles vai tratar do calcanhar no Serviço Nacional de Saúde.
III - Eros e Pan, aproveitando o incentivo ao investimento jovem, inauguram um prostíbulo.
IV - Hércules suspende os 12 trabalhos, metade dos quais por falta de pagamento.
V - Narciso vende pequenos espelhos "made in China", para pagar as dívidas dos cosméticos.
VI - O Minotauro puxa carros-de-bois turísticos para fazer face ao custo de vida.
VII - A Acrópole foi vendida à IURD.
VIII - Medusa foi rejeitada pela Sra. Merkel, como negociadora grega, alegando esta que "ela tem minhocas na cabeça".
IX - Sócrates inaugura o Cicuta's Bar para ganhar uns trocados.
X - Dionísio vende vinho à beira da estrada de Marathona.
XI - Hermes entrega currículo para trabalhar nos correios, para o serviço de entregas rápidas.
XII - Afrodite aceita posar para a Playboy.
XIII - Apolo faz fotos para a G-Magazine.
XIV. As Ninfas, desempregas e sem subsídios, aderem ao "projecto de emigração dos jovens qualificados", tendo Zeus criado incentivos para trabalharem como "massagistas" nos países ricos do Norte da Europa e da Alemanha.
XV - A ilha de Lesbos abre um resort hétero.
XVI - Para economizar energia, Diógenes apaga sua lanterna.
XVII - O Oráculo de Delfos esvazia os números do orçamento e provoca pânico nas Bolsas.
XVIII - Áres, deus da guerra, é apanhado em flagrante a desviar armamento para a guerrilha síria.
XIX - A caverna de Platão acolhe milhares de sem-abrigo.
XX - Foi, finalmente, foi descoberto o motivo da crise: o povo vê-se grego para compreender os economistas e, estes, não falam a linguagem dos HUMANOS.

EM PORTUGAL:


Não temos deuses, mas temos Relvas a tirar vários cursos superiores (até ao fim do ano?) para interpretar a forma de se sair da crise; nem que, para tal, tenha de vender a RTP, a TAP, a ANA e, porque não, o Palácio de Belém, alegando ter sido lá (no palácio) que nasceu o redentor. Talvez houvesse comprador para o palácio nos "novos ricos" que esta crise tem gerado… principalmente se tiverem imbuídos do espírito de redenção, como o homem das promoções do 1º de Maio.

PARA O RESTO DO MUNDO:


A continuar assim… só resta aguardar pelo APOCALISE…!