segunda-feira, 28 de novembro de 2011

METAMORFOSES


Sou um simples cidadão português que acreditou, em tempos, no respeito pelas pessoas. Acreditei que a humanidade já deveria ter aprendido com os seus erros: – guerras fratricidas com o intuito de assegurar a hegemonia de umas pessoas sobre as outras; tentativa de dominação de maiorias, por minorias exploradoras que pretendiam ter mais do que alguma vez poderiam gastar; subjugação a condições inferiores à de animais domésticos, de semelhantes seus que divergiam somente pela cor da pele, pela opção religiosa ou por serem naturais de uma zona geográfica pouco desenvolvida.

Com o crescer nos anos, fui aprendendo que o sentido da vida das pessoas era, embora diferente, o mesmo para quase todos – a ambição. O que mudava eram as metas dessa mesma ambição. Para uns seria a ambição de se realizarem na sua profissão, vocação, religião; outros, era valorizarem-se nas tarefas, ofícios e quaisquer misteres que se sentissem hábeis; outros, ainda, ambicionavam, a qualquer custo, serem poderosos, ricos e dominadores. Estes últimos foram sempre criticados publicamente, apodados de imorais e de desumanos, embora, convenhamos, eram muitos mais do que aparentemente se poderia pensar. A sua venalidade, porque é cívica e moralmente incorrecta, foi camuflada, ao longo dos tempos, em atitudes, actos e organizações aparentemente inócuas. Uns associaram-se em Organizações normalmente sérias e inocentes para, dentro delas, conspirarem e desenvolverem estratégias de poder pouco confessáveis que, na maior parte das vezes, são desconhecidos da própria Estrutura onde desenvolvem a sua actividade conspirativa; exemplos destes poder-se-ão ver em movimentos religiosos (ex.: Opus Dei), em movimentos cívicos (ex.: algumas obediências maçónicas), em clubes e partidos políticos, etc. De igual modo, há gente desta que se refugia em determinados grupos profissionais como os “Tudólogos” (analistas sabedores de todas as matérias relacionadas com todas as ciências no sentido de valorizarem a pseudo-ciência política). Mas, existe uma classe, ainda pior que a dos “tudólogos” – é a dos “jornalistas venais”.

É sabido e aceite que o jornalismo representa um verdadeiro poder. O poder do jornalista assenta na capacidade e determinação de informar. A informação isenta, desinteressada, honesta, ética e moralmente cautelar torna-se poder porque garante um sério e verdadeiro esclarecimento junto dos povos; porque permite acautelá-los das manobras que os condicionariam, se não houvesse a denúncia de eventuais manobras impróprias; porque, a par da justiça, são o garante da democracia. Porém, se o exercício da função de jornalista for desenvolvido por um “jornalista venal”, não há exercício de poder, mas sim exercício de dominação, conquista e exploração dos seus semelhantes; tornam-se, desta forma, os algozes assalariados dos opressores. Os “jornalistas venais” (que podem ter muitos outros nomes, como “assessor”, “conselheiro político”, “gestor de imagem”, etc.), na ânsia de agradarem aos seus donos, vão devorando tudo por onde passam e todos com quem convivem. Simplesmente não têm critérios, não têm opinião, não usam uniforme – são venais…

Pior do que “jornalista venal,” só “ministro da propaganda”…!

Felizmente, ainda existem jornalistas genuínos – a quem saúdo e presto a minha homenagem –, mas, já quase não há jornalismo em Portugal.

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