domingo, 6 de novembro de 2011

Cultura pós 5 de Junho (2)

Não posso ignorar as espectativas que muita gente ligada à “cultura” depositou sobre Francisco José Viegas. Foram iludidas; eu, felizmente, não o fui, mas não adianta nada…
Esta é a realidade da Companhia Nacional de Bailado e da Cultura em Portugal!
Como podemos mudar esta realidade…?
Penso que, depois de lermos o post anterior, poderíamos sugerir qualquer coisa como a venda das obras de arte de Duarte Lima e reverter o lucro para apoio à cultura. Arte, com arte se paga…

 Bailado da Liberdade

Comunicado da Comissão de trabalhadores representando os artistas e restantes colaboradores da CNB

“A Comissão de Trabalhadores da CNB saúda o Público na apresentação de ‘Du Don De Soi’, desejando que desfrutem deste espectáculo.
Esta obra é interpretada por um dos corpos artísticos do OPART, a Companhia Nacional de Bailado e estão igualmente no espírito desta mensagem todos os trabalhadores do Teatro São Carlos. Por detrás deste trabalho está ainda todo um aparelho invisível, mas indispensável, de técnicos e administrativos. Em cada um destes sectores, as pessoas têm mantido um empenho e criatividade indefectíveis, apesar de anos de progressiva desorçamentação.
Neste momento as pessoas que fazem o Teatro São Carlos e a CNB enfrentam uma nova realidade:
- O orçamento do OPART para 2012, mais uma vez reduzido, pela primeira vez na sua história, para um valor que é efectivamente inferior aos custos fixos de funcionamento, deixa assim de existir qualquer verba para produção.
Note-se que o valor destes custos fixos já é na CNB e Teatro São Carlos muito inferior à média europeia, e nomeadamente ao praticado nos teatros que nos são mais próximos.
Este corte é aplicado cegamente a um organismo que, apenas por simples e arbitrária decisão administrativa, partilha do estatuto legal de EPE. Rigorosamente mais nada da sua natureza assemelha o OPART às outras EPEs: Com necessidades de planeamento e funcionamento muito específicas, o OPART é diferente também na escala comparativamente reduzida das verbas que movimenta e, sobretudo, na sua condição histórica de membro de um mercado desde sempre globalizado.
Permitir o funcionamento do aparelho sem permitir que cumpra a sua razão de ser é uma forma de asfixia por absurdo.
Perante esta situação excepcional, está neste momento em curso uma urgente reflexão interna. A única maneira de encontrar algum dinheiro para produções parece ser, neste momento, retirá-lo às remunerações dos trabalhadores. Sob a forma de reduções que irão agravar as severas medidas gerais de austeridade, ou num cenário impensável de lay-off, os trabalhadores da CNB e Teatro São Carlos seriam assim os mecenas do seu próprio trabalho.
A vocação da CNB e do Teatro São Carlos identifica-se completamente na dedicação e talento das pessoas que lá trabalham. Os dias e anos de preparação e aperfeiçoamento, o saber adquirido e o esforço feito na superação das circunstâncias são assim frustrados, num desperdício de capacidades sem precedentes.
Cremos que esta será uma situação inédita e só muito dificilmente sustentável.
Apelamos a que a tutela volte a examinar a história das reduções de custo na CNB e Teatro nacional de São Carlos, e que reavalie o sentido de mais este corte num organismo que está já reduzido à sua dimensão essencial, ficando assim impedido de funcionar.”

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