O Papa
Francisco tem-me surpreendido bastante. Parece que, passados cerca de 1800
anos, retomou a linha evangélica cristã: a linha do amor, da fraternidade e da
partilha. Quero crer que é um sentimento genuíno e que não se apoia numa
estrutura de poder, como a que foi mantida até agora, desde a queda do Império
Romano. De certa forma, foi a estrutura que, até há bem pouco, substituiu este
Império.
Ao pensar
nesta hipótese de “vender tudo o que tem
e dar a quem necessita” assume-me à mente algumas questões:
A primeira questão é quem vende…?
Deverá o
Papa Francisco vender o IOR (Banco do Vaticano), ou mesmo o Vaticano ou, ainda,
todos os bens que a Igreja possui…? Se não tiver competências para tal (quero
crer que assim seja), quem venderá…? E em outros países…?
A segunda questão é quando…?
Começamos já
hoje, ou esperar-se-á até amanhã, calculando os preços e os juros…? Não haveria,
nos seus membros, alguém que cumprisse esta “missão”, procurando descontos, interpretações
espiritualistas que justificassem a posse, subterfúgios de diversos tipos…?
Quando fazê-lo…?
A terceira questão é a quem, como
e para quê…?
Poder-se-ia “vender para dar aos pobres” (superando
assim um determinado tipo de egoísmo); mas, quem compra seriam normalmente os “abutres” económicos que
se aproveitariam da venda (naturalmente não especulativa) e continuariam
amontoando mais riquezas sobre as anteriores; esta situação faria com que (de
um modo indirecto) se contribuísse para que a injustiça social se avolumasse, a
exploração aumentasse e, de certa forma, contribuiria ainda para
que o mundo fosse mais injusto.
Quero
acreditar que Francisco, se entretanto não for assassinado, possa propor ao
mundo uma solução que não enfraqueça ainda mais a dependência dos oprimidos.
Quero acreditar que, desta vez (conscientemente, ou não) a Igreja não vá
colocar-se ao lado dos opressores…!
(Fonte)
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