domingo, 13 de maio de 2012

AS FERRAMENTAS NÃO TÊM DIGNIDADE…



Já tínhamos reparado que os nossos vizinhos espanhóis são muito mais autênticos e convincentes nas suas indignações; lutam, na verdadeira acepção do termo, pelas suas convicções, coisa que em Portugal só acontece "in extremis". Veja-se por exemplo as atitudes do líder do principal Partido da Oposição: Estando contra (ou estando contra, pelo menos, o partido que lidera) não vota contra – abstém-se; mas com violência… A isto não considero um eufemismo, considero uma falta de carácter, uma falta de coragem ou, no mínimo, uma idiotice aprendida nas juventudes partidárias.

Mas, em frente…

Atente-se à opinião do teólogo espanhol I. González Faus, da Faculdade de Teologia da Catalunha, em que faz uma crítica acérrima à presente situação, como nos relata Anselmo Borges:
…Voltando ao documentário célebre Inside Job, num artigo ácido que intitula "Agencias de rating o de raping?", denuncia os Bancos de investimento que vendiam activos tóxicos, sabendo-o. Lá estavam os peritos da Moody's e Standard and Poors, dizendo: "são AAA (fiabilidade máxima)." Deste modo, as três agências (Moody's, S & P e Fitch) ganharam milhões. Elas poderiam ter terminado a festa, dizendo: vamos ajustar os critérios. Mas não; pelo contrário, deram triplo A a Madoff, dias antes da sua queda. Meses antes da derrocada de Lehman Brothers, o próprio FMI declarou que estava "em boa situação financeira e os riscos parecem baixos".
Por isso, na arbitragem das agências, ao contrário do que deveria suceder, "é preciso partir do pressuposto da sua parcialidade e desonestidade, a não ser que se prove o contrário". O problema é que vivemos num sistema montado sobre a agressão do capital insaciável. "Se o Banco me emprestar dinheiro e eu o não devolver, tem direito a ficar com o que é meu e a continuar a exigir-me mais. Os que colocaram o seu dinheiro numa Caixa ou num Banco, se estes o não devolverem, não têm direito a nada." Cita o Papa João Paulo II: "A Igreja ensina a prioridade do trabalho frente ao capital: o trabalho sempre é uma causa eficiente primária enquanto o capital é só um instrumento." Mas comenta: "Isto só está em vigor a partir de uma ideia de Deus que nem os bispos partilham." E acrescenta: "Visto de Wall Street, o trabalhador é apenas uma ferramenta. E as ferramentas não têm dignidade."

Anselmo Borges refere que "salvo excelentes excepções, como Frei Bento Domingues, os teólogos em Portugal não se pronunciam sobre a crise económico-financeira; o que não é o caso dos teólogos em Espanha".

– Padre Anselmo Borges, em Portugal nem os Políticos se pronunciam sobre a crise económico-financeira; limitam-se a cumprir ordens…! E não há quem se lhes oponha.

Isto somos nós…! É o fadoPatrimónio Imaterial da Humanidade…!

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