quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O País que o Sr. Ministro julgava vir encontrar já não existe


Respeito em demasia os nossos emigrantes dos anos 60 do século passado (a quem muito devemos), para me quedar impávido e sereno a olhar os arremedos populistas dos Sr. Ministro Álvaro.
Porque me refiro aos emigrantes dos anos 60?!
Nos anos 60 do pretérito século, os nossos emigrantes, quando regressavam de férias, assistia-lhes uma ideia primordial (logo a seguir a “matar saudades da família) – informar as gentes da sua aldeia acerca das “novidades” e “grandes maravilhas” que encontraram nesses novos mundos que “foram descobrir”. A educação que o Estado Novo lhes permitiu ter na sua própria terra, além de deficiente, era desvirtuada: Branqueou-se a nossa história, impediu-se a divulgação dos novos conhecimentos, apartou-se o povo da realidade europeia e mundial, produziram-se chavões saudosistas e lamurientos do amor pátrio, sonegou-se um dos principais direitos do Homem – a Liberdade –, apelando-se para o sentimento do “orgulhosamente sós”.
A política e o princípio do “orgulhosamente sós” foram desmontados por esses verdadeiros heróis – os emigrantes dos anos sessenta.
Voltando ao Sr. Ministro Álvaro.
O Sr. Ministro trata-nos como se fôssemos as vítimas de um Estado, em que ele é o salvador e traz-nos a salvação, com “os seus privilegiados novos conhecimentos” daquilo que se faz lá fora.
O Sr. Ministro está equivocado!
O País que o Sr. Ministro julgava vir encontrar, já não existe. Começou a transfigurar-se nos anos 60 do Século XX e foi-lhe devolvida a dignidade total, em Abril de 1974.
Desde então para cá, fomos obrigados, por nós próprios, a crescer. Fomos reconhecidos como par entre iguais, na Europa. A nossa competência científica e técnica é por de mais reconhecida no Mundo inteiro.
Por tudo isto, peço-lhe, Sr. Ministro, não venha mostrar-nos o que já conhecemos. Aquilo que os nossos emigrantes fizeram nos anos 60 foi meritório. Aquilo que o Sr. está a querer fazer é, no mínimo, deselegante. Se, por mero acaso, a sua atitude não tem uma intenção inconfessável e continua a apregoar “novas”, então, vejo-me obrigado a pedir-lhe, por respeito a este povo que tão grandiosos filhos teve e tem – demita-se!

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