O Jornal de Negócios chocou
a opinião pública com a sua manchete altamente difundida pela rádio e pela televisão.
Porquê…?
Para quê…?
Como escreve Estrela
Serrano no seu blog "Vai
e Vem": "O FMI agradece
a colaboração de ministros e secretários de Estado na elaboração do “estudo”,
isto é, o governo não só o encomendou como participou nele activamente".
Repare-se nos agradecimentos feitos aos ministros e
secretários de Estado que o "pretenso" relatório faz no seu prefácio o
qual, apesar de ter a indicação de "FOR OFFICIAL USE ONLY" na primeira
página, o Jornal de Negócios se encarregou (prestando um favor ao Governo) de "alarmar"
a população com a "tragédia iminente" – mais catástrofes para
Portugal, se não se cumprir o anunciado:
In drafting this report, the team benefited greatly
from discussions with Ministers and/or State Secretaries from all 11 ministries
as well as their staffs, and with various representatives of other
organizations. Specifically, the mission met with Ministers of State Vítor Gaspar (Finance) and Paulo Portas (Foreign Affairs);
Ministers José Pedro Aguiar Branco
(National Defense), Miguel Macedo
(Internal Administration), Paula Teixeira
da Cruz (Justice), Álvaro
Santos Pereira (Economy and Employment), Assunção Cristas (Agriculture, Sea, Environment, and Spatial
Planning), Paulo Macedo
(Health), Nuno Crato (Education
and Science), and Pedro Mota Soares
(Solidarity and Social Security); and Secretaries of State Carlos Moedas (Prime Minister’s Office) and Paulo Simões Júlio (Minister
Assistant of Parliamentary Affairs). The mission team greatly benefitted from
the guidance provided by State Secretaries Luís
Morais Sarmento and Helder
Rosalino of the Ministry of Finance, and Miguel Morais Leitão of the Ministry of Foreign Affairs. The
team would like to express its sincere appreciation for the excellent
discussions and feedback provided by the government officials it met with. It
would like to express its gratitude to the staff of ESAME for its outstanding
coordination and logistical help during the team’s stay in Lisbon. [pág. 5 do pretenso "Relatório"
do FMI – Negritos e sublinhados nossos]
A RTP alertou,
de imediato que o "Plano do FMI
defende mais despedimentos e cortes em salários e pensões":
Atente-se, também na preocupação que a divulgação do “relatório”
provocou em pelo menos parte do
governo e da maioria. Repare-se nas reacções comprometidas dos ministros
Mota Soares e Aguiar Branco em declarações na TVI24, que se pode ver aqui.
Este pequeno vídeo é relevante e sintomático.
A divulgação deste
pretenso "Relatório" obedece a intenções pouco confessáveis.
Concordo com Estrela
Serrano quando denuncia que "a estratégia de divulgação deste 'relatório'
no momento em que se aguarda a decisão do Tribunal Constitucional sobre o
orçamento de Estado é, no mínimo, indecorosa. Acrescentar mais medo e
insegurança aos portugueses quando ainda nem sabem quanto vão receber este mês
é incompetência política e insensibilidade social".
Isto não é somente
incompetência…
Veja-se o que escreve a Presseurop,
relativamente ao "relatório":
"A receita do FMI para cortar 4 mil milhões
No início de 2013, o FMI apresentou uma longa lista de recomendações
para reformar o Estado Português e atingir os cortes necessários de quatro mil
milhões de euros na despesa. O relatório 'Rethinking the State – Selected
Expenditure Reforms Options' [Repensar o Estado – Seleção de Despesas e Opções
de Reformas], encomendado pelo Governo, e a que o Jornal de Negócios teve acesso, o FMI diz que o Estado português
precisa de 'reformas inteligentes', sugerindo como prioridade os cortes com pessoal e salários nos setores da Educação, Saúde e Forças de Segurança. O Fundo propõe um aumento das taxas para os doentes que usam o Serviço Nacional de Saúde,
cortes nas pensões de reforma e também a dispensa de 50 mil professores".
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