quinta-feira, 2 de abril de 2015

A MAQUILHAGEM DOS DADOS DO DESEMPREGO


DESEMPREGO – Um estudo eleva de 13% oficial para os 29%

Não foram os nossos jornais; foi o jornal el Mundo que publicou no dia 27, do passado mês de Março, o seguinte texto:

¿Está maquillando Portugal sus datos de desempleo?



El primer ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho.REUTERS
VIRGINIA LÓPEZ Especial para EL MUNDO Lisboa
Actualizado: 27/03/2015 20:07 horas

No princípio deste mês, o Eurostat revelava que Portugal era o terceiro país que mais havia reduzido a taxa de desemprego, até el 13,3%, em Janeiro passado. Contudo, um estudo divulgado hoje pelo Observatório de Crisis y Alternativas de la Universidade de Coimbra revela que estes números oficiais podem estar muito abaixo dos números reais.

Segundo este estudo, a taxa real de desemprego em Portugal estaria nos 29%. Ou seja, que nas estatísticas não entram todas as pessoas que na realidade não têm emprego em Portugal.

Além de mais, o estudo também é muito crítico com "la criação de empregos registados recentemente", na óptica do governo liderado pelo primeiro-ministro social-democrata Pedro Passos Coelho. O Observatório entende que esta recuperação de emprego assenta em "bases frágeis". "O desemprego actual é um desemprego mais desprotegido do que antes do programa de ajustamento", e o "emprego gerado em Portugal é baseado sobre todas as actividades precárias e bolsas mal remuneradas, sem perspectiva de continuidade ou de verdadeira reinserção no mercado de trabalho".

Em Portugal, o salário mínimo situa-se, desde Janeiro deste ano, em € 505,00, depois de estar vários anos congelado nos € 485,00. Além disto, existe mais de um milhão de trabalhadores “contratados” a falsos recibos verdes. Ao dizerem que são autónomos, é dizer que pagam por si só a sua própria segurança social e impostos do trabalho, quando na realidade deveriam estar contratados pelas empresas onde trabalham todos os dias. Mas estas empresas não os contratam, apesar de saberem que é ilegal e que poderiam pagar avultadas multas no caso de serem denunciadas. Porém, qual é o trabalhador precário que se atreve a denunciar, sabendo que não tem garantias de não perder o seu posto de trabalho, ainda que seja precário?

Por outro lado, existem as bolsas profissionais, pagas a “meias” entre o Estado e o privado, que em teoria serviriam para dar acesso ao mercado laboral aos jovens licenciados. Na prática, como denuncia o Observatório, estas bolsas são uma maneira de sair mais baratas as contratações pelo empresário, que posteriormente não renova o contracto com o trabalhador, uma vez terminada a bolsa estatal.

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estadística (INE), desde 2011, ano em que Portugal foi resgatado, até ao segundo semestre de 2013, destruíram-se mais de 460.000 postos de trabalho e apenas se recuperaram cerca de 38 mil.

Sem comentários: