DESEMPREGO – Um estudo
eleva de 13% oficial para os 29%
Não foram os nossos jornais; foi o jornal el
Mundo que publicou no dia 27, do
passado mês de Março, o seguinte texto:
¿Está maquillando
Portugal sus datos de desempleo?
El primer ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho.REUTERS
VIRGINIA LÓPEZ Especial para EL MUNDO Lisboa
Actualizado: 27/03/2015 20:07 horas
No princípio deste mês, o Eurostat revelava que Portugal
era o terceiro país que mais havia reduzido a taxa de desemprego, até el 13,3%,
em Janeiro passado. Contudo, um estudo divulgado hoje pelo Observatório de
Crisis y Alternativas de la Universidade de Coimbra revela que estes números
oficiais podem estar muito abaixo dos números reais.
Segundo este estudo, a
taxa real de desemprego em Portugal estaria nos 29%. Ou seja, que nas
estatísticas não entram todas as pessoas que na realidade não têm emprego em Portugal.
Além de mais, o estudo também é muito crítico com "la
criação de empregos registados recentemente", na óptica do governo
liderado pelo primeiro-ministro social-democrata Pedro Passos Coelho. O
Observatório entende que esta recuperação de emprego assenta em "bases frágeis".
"O desemprego actual é um desemprego mais desprotegido do que antes do
programa de ajustamento", e o "emprego gerado em Portugal é baseado sobre todas as
actividades precárias e bolsas mal remuneradas, sem perspectiva de continuidade
ou de verdadeira reinserção no mercado de trabalho".
Em Portugal, o salário mínimo situa-se, desde Janeiro deste
ano, em € 505,00, depois de estar vários anos congelado nos € 485,00. Além
disto, existe mais de um milhão de trabalhadores “contratados” a falsos
recibos verdes. Ao dizerem que são autónomos, é dizer que pagam por si só a sua
própria segurança social e impostos do trabalho, quando na realidade deveriam
estar contratados pelas empresas onde trabalham todos os dias. Mas estas
empresas não os contratam, apesar de saberem que é ilegal e que poderiam pagar avultadas
multas no caso de serem denunciadas. Porém, qual é o trabalhador precário que
se atreve a denunciar, sabendo que não tem garantias de não perder o seu posto
de trabalho, ainda que seja precário?
Por outro lado, existem as bolsas profissionais, pagas a “meias” entre o Estado e o privado, que em
teoria serviriam para dar acesso ao mercado laboral aos jovens licenciados.
Na prática, como denuncia o Observatório, estas bolsas são uma maneira de sair mais
baratas as contratações pelo empresário, que posteriormente não renova o contracto
com o trabalhador, uma vez terminada a bolsa estatal.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estadística (INE),
desde 2011, ano em que Portugal foi resgatado, até ao segundo semestre de 2013,
destruíram-se mais de 460.000 postos de trabalho e apenas se recuperaram
cerca de 38 mil.
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