Há muito que
não escrevo um postal. Vários são os factores que contribuíram para esta
ausência da blogosfera; mas, o motivo principal é porque me sinto qual
personagem do Pe. António Vieira no sermão de Santo António aos
peixes – eles não ouvem, nem têm consciência daquilo que os rodeia. De que vale
a continuar a apregoar erros, alertar para irregularidades, criticar a
desfaçatez e a irresponsabilidade. Tal como os peixes e outros animais
quaisquer são inimputáveis; têm uma missão a cumprir, somente não sabem qual;
cumprem ordens (ou desígnios), mas não sabem quem lhas ordena. Cumprem uma
missão, mas não é aquela para a qual foram eleitos; governam a rogo – mas, não
do povo.
A quem obedecem?
Durante toda
a minha vida ouvi (e, assim, fui educado) que a responsabilidade é solidária; quanto mais alto se estiver na
hierarquia da cadeia de comando, maior é a responsabilidade. Também me
ensinaram que é necessário (imprescindível, até) estarmos bem esclarecidos para
podermos – honesta, responsavelmente e em consciência – emitir uma opinião ou deliberar
sobre qualquer assunto.
E o que
vemos?
Vemos a
Ministra de Estado e das Finanças a desresponsabilizar-se pela sua incapacidade
de cumprir e fazer cumprir as obrigações para as quais foi nomeada. Pelo
contrário, enjeita qualquer sentimento de responsabilidade e imputa-o aos seus
subordinados.
Por outro
lado, vemos (já não falo do Citius, nem das alarvidades produzidas mais para
trás) a Ministra da Justiça a manipular dados sobre a pedofilia para levar o
Conselho de Ministros a decidir sobre uma lei que, no mínimo, deveria ser cautelosa
e sobejamente estudada. Para quê tanto trabalho em viciar e quantificar dados
na informação prestada ao Conselho? Bastaria levá-la ao parlamento, informar a
maioria de qual a intenção de voto e aguardar pela decisão. Esta maioria
tem-nos demonstrado que está ali para cumprir as vontades transmitidas pela “Voz
do Dono” e não, como a Constituição o impõe, para fiscalizar os actos do
Governo.
Como
escrevi, hoje, a um amigo (à laia de brincadeira), o PM teria ido ao Japão para
aprender a palavra “Saionara”.
Mas, o meu
espírito de imediato se ensombrou: e se estes indivíduos (habituados, como
estão, ás confusões e à manipulação das intenções) em vez de "saionara" aprendem uma outra expressão
bem portuguesa – até sempre. Isto, sim, seria grave. Era como “morrer à
beira da praia”. Era fazer ressurgir o passado que terminou (julgava eu) em
Abril de 1974.
Já falta
pouco par as eleições… Será no final do Verão que eles saem… (?)
Mas está a
custar tanto…!
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