Como diz Francisco Seixas da Costa, no “duas
ou três coisas”: «o destino político da senhora ministra [das Finanças –
Maria Luís Albuquerque] estará, daqui a meses, na mão dos portugueses. E esses,
a seu tempo, dirão de sua justiça. Só
que, até lá, a senhora ministra não tem um mandato que lhe permita, ainda que
temporalmente, conspurcar fora de portas o nome do país honrado em que exerce
funções. Alguém deveria conseguir explicar à senhora ministra que o espectáculo
a que se prestou ao lado do seu colega alemão foi de uma indignidade, quase sem
par, na representação externa do Estado. Deixar-se utilizar como instrumento
comparativo por parte de Berlim na sua cruzada de isolamento da Grécia configurou
uma das mais tristes figuras que alguma vez vi fazer a um governante português
na ordem externa – e, podem crer!, já vi bastantes e bem lamentáveis. E
prolongar essa atitude no Eurogrupo, para entrar no "quadro de honra"
com que Berlim premeia os "alunos" bem comportados, ajudando
cobardemente à humilhação de um país também amigo e aliado, provocou um
incómodo muito raro no país, ao que se diz até nas hostes da maioria. Este
governo – e meço as palavras – consegue,
dia após dia, surpreender-nos na sua capacidade de rebaixar a dignidade do
Estado que circunstancialmente titula».
Ou, como ela própria afirma: “Não sugeri a alteração de
uma única vírgula”… Expresso.
Ninguém, que eu saiba, acusou Maria Luís Albuquerque de
sugerir alteração de vírgulas. Não é
a alteração simples do texto que está em causa. É, de entre outras coisas, o
facto de bastante antes da conferência de imprensa dada por Yanis Varoufakis
(que teve início pelas 20:45, hora de Lisboa), já a SKAY TV grega ter referido
as pressões exercidas pelos ministros das Finanças espanhol e português durante
a reunião do Eurogrupo (citada em The Guardian, às 19:31). E é a própria imprensa
alemã a noticiar que MLA terá discutido a questão previamente com Schäuble.
Deveras, MLA disse (ou terá dito) a verdade – não sugeriu a
alteração de uma única vírgula. Pois não… Limitou-se
a rebaixar a dignidade do Estado que circunstancialmente titula. Não mentiu,
camuflou a verdade. Com a verdade, tenta (ainda, apesar do descrédito)
enganar-nos.
Situações deste género, confrontadas com as do Primeiro-ministro,
do Vice-primeiro-ministro, do Ministro dos Negócios Estrangeiros, do Ministro
da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, sobre o “problema grego” indiciam
uma permanente manipulação da verdade e a tentativa de ridicularizar-nos cada
vez mais.
Resta-nos a consolação de nos estarmos a aproximar do fim
deste pesadelo. Espero que até ao princípio do próximo ano Portugal recuperemos a
sua dignidade.
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