É arriscado classificar o terrorismo somente como o
exercício de actos violentos praticados contra as pessoas ou contra o seu
património. Arriscaria dizer mesmo que estes não passam de actos gratuitos; uma
atitude tomada num rasgo ideológico, como seja a oposição ao sistema
neoliberal, temos facilidade em distingui-la de um acto terrorista. Nestes
casos, é vulgar os manifestantes atentarem contra os seus símbolos e edifícios que
os acolhem (como os bancos e associações representativas) – ilusoriamente
pensam que destruindo as suas fachadas alcançarão o coração do sistema. Regra
geral, estes grupos estão repletos de decepções, frustrações e amarguras, dando
rédea larga ao seu estado anímico, através de acções destrutivas. Todavia, atitudes
como estas não se transformam em “violência
simbólica”, salvo no fim de um processo histórico-social, geralmente
prolongado.
Poder-se-á classificar tais actos como actos ou expressão de
terrorismo?
– Penso que não…!
O terrorismo tem por detrás um princípio exclusivista, quer
seja de natureza religiosa quer seja de natureza política. Tudo serve para
atingir os seus objectivos.
Tomemos como exemplo o atentado do 11 de Setembro de 2011,
em Nova Iorque. Foi um gesto paradigmático do chamado terrorismo islâmico,
contra os Estados Unidos da América. A
partir daí o medo instalou-se em todo o País.
O medo produz fantasmas que desestabilizam as pessoas e a
ordem instalada.
Por exemplo: um árabe em Nova Iorque pede informações a um
polícia; este, de imediato, dá-lhe ordem de prisão, imaginando que é um
terrorista. Mais tarde, depois de grandes complicações e de se comprovar que é
um simples e pacífico cidadão inocente, soltam-no.
Esta fenomenologia mostra a singularidade do terrorismo:
a ocupação das mentes, divergindo
das guerras e das acções de guerrilha, em que a necessidade primária é a
ocupação do espaço físico para se impor efectivamente.
No terror, basta ocupar as mentes com ameaças que produzam
medo nas pessoas e nos seus governos.
A título de exemplo: Os norte-americanos ocuparam
fisicamente o Afganistão dos talibãs e o Iraque de Saddam Hussein; mas a Al
Qaeda ocupou psicologicamente as mentes dos norte-americanos, como previu Osama
Bin Laden em 8 de Outubro de 2011 – “Os
Estados Unidos não terão segurança, nunca mais; nunca mais terão paz”.
Para dominar as
mentes através do medo, o terrorismo segue a seguinte estratégia:
1)
Os
actos têm de ser espectaculares, caso contrário não causam uma comoção
generalizada;
2)
Apesar
de serem actos odiados, devem provocar admiração pela sagacidade empregada;
3)
Devem
dar a entender que foram minuciosamente preparados;
4)
Devem
ser imprevistos, para darem a impressão de serem incontroláveis;
5)
Os seus
autores devem manter-se no anonimato (usar máscaras), pois quanto mais
suspeitos, maior é o medo;
6)
Devem
provocar o medo permanente;
7)
Devem
alterar a percepção da realidade – qualquer coisa diferente pode configurar o
terror.
De um modo formal: terrorismo é toda a violência espectacular,
praticada com o propósito de ocupar as mentes com medo e pavor. O importante
não é a violência em si mesmo, mas tão-somente o seu carácter espectacular,
capaz de dominar as mentes de todos.
Há muitos actos
que, pelo seu carácter destrutivo, têm rasgos de terrorismo, sem ser terrorismo
propriamente dito. Se o tratarmos como terrorismo corremos o risco de instaurar
medo na sociedade, medo que acaba inibindo as manifestações populares. Com
medidas de carácter “antiterrorista” infundadas ou mal avaliadas, corremos o
risco de favorecermos e facilitarmos as actividades clandestinas dos agitadores
oportunistas, infiltrados em manifestações populares legítimas.
Mais importante do
que saber quem cometeu e comete actos de violência é necessário saber o porquê do
recurso à violência.
A nossa sociedade
altamente desigual e discriminatória oferece sempre razões, motivos e pretextos
para a indignação violenta. Cumprir e fazer cumprir a Constituição, possibilitar
e facilitar a Educação, garantir a igualdade para todos é a melhor forma de se
começar a eliminar os pretextos das manifestações “mais violentas”. Para isso é
necessário ética, transparência e espírito de serviço e missão por parte quem
tem a responsabilidade da governação.
A manipulação da
informação é uma forma de terrorismo, praticada discricionariamente por muitos responsáveis
governativos menos honestos, tendente à instalação do medo nas populações.
E, disto último, os portugueses já têm substancial
conhecimento…
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