quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O QUE É O TERRORISMO




É arriscado classificar o terrorismo somente como o exercício de actos violentos praticados contra as pessoas ou contra o seu património. Arriscaria dizer mesmo que estes não passam de actos gratuitos; uma atitude tomada num rasgo ideológico, como seja a oposição ao sistema neoliberal, temos facilidade em distingui-la de um acto terrorista. Nestes casos, é vulgar os manifestantes atentarem contra os seus símbolos e edifícios que os acolhem (como os bancos e associações representativas) – ilusoriamente pensam que destruindo as suas fachadas alcançarão o coração do sistema. Regra geral, estes grupos estão repletos de decepções, frustrações e amarguras, dando rédea larga ao seu estado anímico, através de acções destrutivas. Todavia, atitudes como estas não se transformam em “violência simbólica”, salvo no fim de um processo histórico-social, geralmente prolongado.

Poder-se-á classificar tais actos como actos ou expressão de terrorismo?

– Penso que não…!

O terrorismo tem por detrás um princípio exclusivista, quer seja de natureza religiosa quer seja de natureza política. Tudo serve para atingir os seus objectivos.

Tomemos como exemplo o atentado do 11 de Setembro de 2011, em Nova Iorque. Foi um gesto paradigmático do chamado terrorismo islâmico, contra os Estados Unidos da América. A partir daí o medo instalou-se em todo o País.

O medo produz fantasmas que desestabilizam as pessoas e a ordem instalada.

Por exemplo: um árabe em Nova Iorque pede informações a um polícia; este, de imediato, dá-lhe ordem de prisão, imaginando que é um terrorista. Mais tarde, depois de grandes complicações e de se comprovar que é um simples e pacífico cidadão inocente, soltam-no.

Esta fenomenologia mostra a singularidade do terrorismo: a ocupação das mentes, divergindo das guerras e das acções de guerrilha, em que a necessidade primária é a ocupação do espaço físico para se impor efectivamente.

No terror, basta ocupar as mentes com ameaças que produzam medo nas pessoas e nos seus governos.
A título de exemplo: Os norte-americanos ocuparam fisicamente o Afganistão dos talibãs e o Iraque de Saddam Hussein; mas a Al Qaeda ocupou psicologicamente as mentes dos norte-americanos, como previu Osama Bin Laden em 8 de Outubro de 2011 – “Os Estados Unidos não terão segurança, nunca mais; nunca mais terão paz”.

Para dominar as mentes através do medo, o terrorismo segue a seguinte estratégia:

1)           Os actos têm de ser espectaculares, caso contrário não causam uma comoção generalizada;
2)           Apesar de serem actos odiados, devem provocar admiração pela sagacidade empregada;
3)           Devem dar a entender que foram minuciosamente preparados;
4)           Devem ser imprevistos, para darem a impressão de serem incontroláveis;
5)           Os seus autores devem manter-se no anonimato (usar máscaras), pois quanto mais suspeitos, maior é o medo;
6)           Devem provocar o medo permanente;
7)           Devem alterar a percepção da realidade – qualquer coisa diferente pode configurar o terror.

De um modo formal: terrorismo é toda a violência espectacular, praticada com o propósito de ocupar as mentes com medo e pavor. O importante não é a violência em si mesmo, mas tão-somente o seu carácter espectacular, capaz de dominar as mentes de todos.

Há muitos actos que, pelo seu carácter destrutivo, têm rasgos de terrorismo, sem ser terrorismo propriamente dito. Se o tratarmos como terrorismo corremos o risco de instaurar medo na sociedade, medo que acaba inibindo as manifestações populares. Com medidas de carácter “antiterrorista” infundadas ou mal avaliadas, corremos o risco de favorecermos e facilitarmos as actividades clandestinas dos agitadores oportunistas, infiltrados em manifestações populares legítimas.

Mais importante do que saber quem cometeu e comete actos de violência é necessário saber o porquê do recurso à violência.

A nossa sociedade altamente desigual e discriminatória oferece sempre razões, motivos e pretextos para a indignação violenta. Cumprir e fazer cumprir a Constituição, possibilitar e facilitar a Educação, garantir a igualdade para todos é a melhor forma de se começar a eliminar os pretextos das manifestações “mais violentas”. Para isso é necessário ética, transparência e espírito de serviço e missão por parte quem tem a responsabilidade da governação.

A manipulação da informação é uma forma de terrorismo, praticada discricionariamente por muitos responsáveis governativos menos honestos, tendente à instalação do medo nas populações.

E, disto último, os portugueses já têm substancial conhecimento…



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