Fez 61 anos
no passado dia 27 de Fevereiro que foi assinado o Acordo de Londres sobre as dívidas
alemãs, após a 2ª Guerra Mundial.
Eis um
pequeno resumo do conteúdo desse acordo:
1. Perdão de 50% da dívida;
2. Reescalonamento da dívida restante
para um período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda
mais alongado;
3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor
– a Alemanha;
4. O acordo de pagamento visou, não o
curto prazo, mas antes procurou assegurar o crescimento económico do devedor
e a sua capacidade efectiva de pagamento;
5. Em caso de dificuldades, foi
prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos;
6. O valor dos montantes afectados ao
serviço da dívida não poderia ser superior a 5% do valor das exportações;
7. A grande preocupação foi gerar
excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de
partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida;
8. Outra característica especial do
acordo de Londres de 1953, que não encontramos nos acordos de hoje, é que no
acordo de Londres eram impostas também condições aos credores – e não só aos
países endividados. Os países
credores obrigavam-se, na época, a garantir de forma duradoura a capacidade
negociadora e a fluidez económica da Alemanha;
9. Uma parte fundamental deste acordo
foi que o pagamento da dívida deveria ser feito somente com o superavit da
balança comercial. O que, “trocando por miúdos”, significava que a RFA
(República Federal Alemã) só era obrigada a pagar o serviço da dívida quando
conseguisse um saldo de divisas através de um excedente na exportação, pelo que
o Governo alemão não precisava de utilizar as suas reservas cambiais.
Hoje, na sua
crónica
semanal no Jornal Público, Frei Bento Domingues escreveu:
“[…] 70
personalidades assinaram um
manifesto sobre a reestruturação da dívida. A
dívida é cada vez maior. Seja qual for a opinião acerca deste gesto, o que
parece claro é que nunca iremos ter possibilidades de a pagar. Nestas crónicas
antecipámos uma transfiguração quaresmal. O perdão das dívidas é um assunto bem
conhecido do AT e NT. É melhor não os esquecer nesta Quaresma, que deve ser
transfiguradora. A Alemanha não está
arrependida de lhe terem perdoado uma dívida imensa. Desse perdão
dependeu o seu milagre económico.
Os deputados, todos os deputados, não
se esqueceram das suas condições de vida. Quando
acordarem para a situação de vida da maioria dos seus eleitores, talvez
descubram que muitos deles já morreram e outros imigraram.” (Os realces e os sublinhados são da
minha responsabilidade).
Alguém
poderá explicar aos nossos “Estadistas”…?
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