“Portugal é um desses casos em que os gastos sociais deviam ter sido protegidos
ou mesmo aumentados”, disse ao PÚBLICO
um dos autores do relatório ontem publicado – “Panorama
da Sociedade 2014 Indicadores Sociais da OCDE”
Enquanto outros países reforçaram os apoios de assistência
aos mais pobres, as políticas implementadas em Portugal, com vista à
consolidação orçamental, limitaram o acesso a esses apoios, conclui a sétima e
mais recente edição do Society at A
Glance 2014 (Olhar sobre a Sociedade) – um relatório que analisa
os indicadores sociais dos países da OCDE publicado de dois em dois anos.
“Uma primeira
prioridade é garantir apoio básico para os mais desfavorecidos”, enfatizam
os autores do documento. “Uma segunda
prioridade é ajudar as famílias mais desfavorecidas a rapidamente beneficiarem
de uma retoma económica”, acrescentam. “Mas
mais ainda precisa de ser feito” para reduzir os desequilíbrios, quando
quase seis em dez desempregados não estão a receber subsídio de desemprego.
Desde o início da crise, todas as semanas, Portugal perdeu 2700 empregos.
“Portugal é um desses exemplos em que os gastos sociais deviam ter sido
protegidos ou mesmo aumentados”, especifica ao PÚBLICO o economista
Herwig Immervoll, um dos autores do relatório.
"Em Portugal, os
rendimentos mais baixos caíram e a desigualdade aumentou”, explica,
acrescentando que, ao contrário de outros países, onde a resposta se reflectiu
num aumento acentuado das despesas sociais (subsídios e outros apoios), em Portugal, esse reforço foi tímido.
Entre 2008 e 2013, os gastos sociais subiram cerca de 4%,
muito abaixo dos 18% de aumento em Espanha ou dos cerca de 15% na Irlanda, dos
11% na média dos países da União Europeia e dos quase 14% na média dos países
da OCDE. O aumento é sempre previsível, diz Herwig Immervoll, porque “quando o desemprego aumenta, mais pessoas
recebem subsídios de desemprego e outro tipo de apoios sociais”.
Eis os tópicos constantes do sumário do relatório da OCDE “Society
at a Glance 2014 OECD Social Indicators”:
- A crise financeira veio alimentar uma crise
social
- As consequências sociais podem perdurar
durante anos
- Investir hoje para evitar o aumento dos custos
amanhã
- Os grupos vulneráveis precisam de ajuda agora
- A margem para a redução das despesas com o
desemprego é limitada
- O direccionamento pode permitir poupanças,
protegendo ao mesmo tempo os mais vulneráveis
- Apoiar os esforços das famílias para lidarem com a
adversidade
- Os governos precisam de fazer planos para a próxima
crise
O que é que este governo e esta pseudo-maioria não
entende…?
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