quarta-feira, 19 de março de 2014

COM ESTA AUSTERIDADE…


Portugal é um desses casos em que os gastos sociais deviam ter sido protegidos ou mesmo aumentados”, disse ao PÚBLICO um dos autores do relatório ontem publicado – “Panorama da Sociedade 2014 Indicadores Sociais da OCDE




Enquanto outros países reforçaram os apoios de assistência aos mais pobres, as políticas implementadas em Portugal, com vista à consolidação orçamental, limitaram o acesso a esses apoios, conclui a sétima e mais recente edição do Society at A Glance 2014 (Olhar sobre a Sociedade) – um relatório que analisa os indicadores sociais dos países da OCDE publicado de dois em dois anos.

Uma primeira prioridade é garantir apoio básico para os mais desfavorecidos”, enfatizam os autores do documento. “Uma segunda prioridade é ajudar as famílias mais desfavorecidas a rapidamente beneficiarem de uma retoma económica”, acrescentam. “Mas mais ainda precisa de ser feito” para reduzir os desequilíbrios, quando quase seis em dez desempregados não estão a receber subsídio de desemprego. Desde o início da crise, todas as semanas, Portugal perdeu 2700 empregos.

Portugal é um desses exemplos em que os gastos sociais deviam ter sido protegidos ou mesmo aumentados”, especifica ao PÚBLICO o economista Herwig Immervoll, um dos autores do relatório.

"Em Portugal, os rendimentos mais baixos caíram e a desigualdade aumentou”, explica, acrescentando que, ao contrário de outros países, onde a resposta se reflectiu num aumento acentuado das despesas sociais (subsídios e outros apoios), em Portugal, esse reforço foi tímido.

Entre 2008 e 2013, os gastos sociais subiram cerca de 4%, muito abaixo dos 18% de aumento em Espanha ou dos cerca de 15% na Irlanda, dos 11% na média dos países da União Europeia e dos quase 14% na média dos países da OCDE. O aumento é sempre previsível, diz Herwig Immervoll, porque “quando o desemprego aumenta, mais pessoas recebem subsídios de desemprego e outro tipo de apoios sociais”.

Eis os tópicos constantes do sumário do relatório da OCDE “Society at a Glance 2014 OECD Social Indicators”:

-   A crise financeira veio alimentar uma crise social
-   As consequências sociais podem perdurar durante anos
-   Investir hoje para evitar o aumento dos custos amanhã
-   Os grupos vulneráveis precisam de ajuda agora
-   A margem para a redução das despesas com o desemprego é limitada
-   O direccionamento pode permitir poupanças, protegendo ao mesmo tempo os mais vulneráveis
-   Apoiar os esforços das famílias para lidarem com a adversidade
-   Os governos precisam de fazer planos para a próxima crise

O que é que este governo e esta pseudo-maioria não entende…?


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