Tenho-me remetido ao
silêncio. Não porque não tenha opinião sobre estes acontecimentos
irresponsáveis dos últimos dias; mas, não me dão azo para os poder comentar em
tempo oportuno – no entretanto, a realidade já é outra, bem diferente. Mudam de
opinião muito rapidamente.
Tenho-me remetido ao
silêncio tão-somente porque, quando acabasse de emitir a minha opinião
sobre um qualquer acontecimento protagonizado por qualquer dos actuais
responsáveis políticos deste País, essa “realidade” já não existia ou estaria
nos antípodas das suas intenções iniciais.
Tenho-me remetido ao
silêncio porque já não tenho idade para aceitar estes jogos de garotos,
tanto mais que já não suporto os insultos permanentes destes irresponsáveis…
Tenho-me remetido ao
silêncio porque seria o meu fim, se o não fizesse. Já não corro nem tenho
velocidade suficiente como a de outrora. Se me entusiasmasse com a minha
argumentação e agisse em sua conformidade, já não conseguiria fugir e
pereceria, ali, à mão dos “caceteiros”.
Tenho-me remetido ao
silêncio… Mas, por favor, não me obriguem a agir contra a minha própria
natureza. O meu silêncio é temporário, pois a minha dignidade, conjuntamente
com a do restante povo a que pertenço, impele-nos a desejar antes a morte que esta
sorte…!
Não se iludam, garotos…! O preço do nosso silêncio é a
liberdade.
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