sábado, 13 de julho de 2013

A DIFERENÇA




Pertencem ambos à CDU (Christlich Demokratiche Union – União Democrata Cristã) – Helmut Kohl e Angela Merkel. Poderíamos dizer que teriam a mesma ideologia político-partidária… Aparentemente, sim; mas as diferenças são abissais e não têm que ver somente com a diferença de idade, de local de nascimento, de religião ou género. Vejamos:

Angela Merkel nasceu em Hamburgo (Alemanha Federal ou Alemanha Ocidental) a 17 de Julho de 1954. Pouco tempo depois de nascer o seu pai foi nomeado pastor da Igreja de Quitzow tendo-se mudado, com a família para Templin (Alemanha de Leste).
Desta forma, Merkel cresceu numa região rural, a 80 km a Norte de Berlim. Gerd Langguth, ex-quadro da CDU, afirma no livro seu sobre Angela Merkel que a possibilidade da família viajar livremente do Leste para a Alemanha Ocidental, durante anos, bem como a posse de dois automóveis permite concluir que o pai tinha uma relação “simpática” com o regime comunista, uma vez que tal liberdade e privilégios dados a um pastor cristão e à sua família teriam sido impossíveis na Alemanha do Leste (comunista).

Helmut Kohl nasceu em Ludwigshafen am Rhein, a 3 de Abril de 1930. Foi um político alemão, chanceler do país de 1982 a 1998. É católico e democrata cristão.
Helmut Kohl orientou o processo de integração da República Democrática Alemã (Alemanha de Leste) e da República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental), que teve início em 1990. Teve o arrojo de assumir esse grande desígnio político, mas enfrentou também as dificuldades sociais e económicas (a elevada taxa de desemprego, por exemplo) que o processo de integração acarretou. Simultaneamente, é considerado um dos grandes arquitectos da União Europeia e uma das individualidades essenciais na tomada de decisões no Velho Continente.

Ambos – Kohl e Merkel – desempenharam (Angela ainda desempenha) funções de Chanceler do País.
Então, qual a diferença?

A diferença é-nos transmitida (para quem ainda não se tenha apercebido que existem diferenças) por Gertrud Höhler numa entrevista concedida à TSF, a propósito do lançamento do seu livro “Estratégia Merkel – o projecto implacável da chanceler de ferro que põe em perigo a União Europeia”.

Esta antiga conselheira de Helmut Kohl assume-se como uma voz crítica da actuação de Angela Merkel. Vejamos alguns realces da entrevista:

Merkel até aceitou que lhe chamassem Rainha da Europa, sem contestar, sem afirmar: ‘atenção, eu sou meramente a chanceler da Alemanha’";

O Sul da Europa é o destino de Merkel, porque as vozes críticas da austeridade excessiva já se fazem ouvir em Berlim, enviando sinais ainda tímidos de que o vento se está a virar a favor do Sul”;

Portugal pode decidir as suas condições, pedir mais tempo para pagar o empréstimo internacional e recusar aceitar simplesmente as cartas que lhe dá a Merkel ou tolerar medidas de austeridade que vão contra a identidade cultural”;

Não se pode construir um ideal da Europa baseado na escravidão dos países dependentes, porque isso destruiria o ideal da própria Europa”;

Não se pode construir uma Europa baseada em estados-membros humilhados. Aí, acaba-se o sonho europeu”;

Para Gertrud Höhler, os portugueses são o povo melhor posicionado para traçar o destino de Merkel, porque Portugal sempre foi cumpridor. Agora, defende que Portugal deve mostrar sinais de cansaço face às medidas de austeridade que lhe foram impostas pela troika.

Já alguém disse (penso que ressalvando o povo alemão): “A Alemanha de Merkel conseguiu, com o euro, o que a Alemanha de Hitler não conseguiu com as divisões Panzer”.

Olhando para esta dissemelhança de Chanceleres Alemães, relembro com nostalgia alguns nomes cuja grandeza do seu carácter, a abnegação, a dimensão intelectual e de estadista permitiram: Jean Monnet, Konrad Adenauer, Robert Schuman, Jacques Delors, Romano Prodi e tantos outros (alguns quase anónimos) que contribuíram para a união dos povos…

Merkel é que não…!

Mas, pior que tudo, é quando olhamos para a dimensão dos nossos actuais governantes. Não passam de meros adoradores do diabo… Irresponsáveis que pretendem ter “lealdade” (subserviência, escravidão) com quem destrói o povo a que pertencem.

Pior que isto, não há…!


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