Diz o “el
Pais”, e em português, que “Francisco
lançará no Brasil o Evangelho Social para as Américas e o Mundo”. Não vi
(embora admita que possa ter havido) qualquer referência a este acontecimento
na imprensa portuguesa – coisa que não é de admirar.
Francisco, que ocupou a cadeira de Pedro proveniente da “periferia da Igreja”, escolheu o seu
continente de origem para apresentar o programa a um milhão de jovens vindos de
toda parte do mundo. Escolheu o Brasil, país cujas veias ainda estão abertas
devido à profunda desigualdade social, para se dirigir às periferias
abandonadas e humilhadas do planeta e aos países emergentes que podem cair na tentação de colocar as
suas riquezas nas mãos daqueles que menos as necessitam.
Até agora, mediante a simbologia dos gestos e algumas
afirmações importantes, Francisco esboçou a originalidade do seu pontificado: quer
centrar-se nos “esquecidos do planeta”,
nos marginalizados e abandonados nas valetas da sociedade da opulência, para
que se promovam à dignidade de seres iguais, com os mesmos direitos.
Pediu que a Igreja não só se preocupasse com os pobres, mas
que ela própria fosse pobre e distribuísse o remanescente pelos demais; chegou
a expressar tristeza ao visitar o parque automóvel de carros de luxo dos
prelados do Vaticano, a quem pediu austeridade como um exemplo de vida
(austeridade aos poderosos, não aos oprimidos); criticou as “máfias” abrigadas no Banco do Vaticano; continua
a viver num quarto de hotel, depois de renunciar aos aposentos pontifícios; foi-se
despojando dos símbolos do poder que por séculos afastaram o papa de Roma dos
seus crentes; criticou a “tirania do dinheiro” e a “globalização
da indiferença” pelos que sofrem; está mais interessado no que as
pessoas “fazem pelos outros”, principalmente os desfavorecidos pela
sorte, do que nas suas crenças religiosas.
A sua visão do futuro da Igreja, com que sonha, não passa
pelas antigas teologias de subordinação e aliadas ao poder.
A teologia que Francisco pregará é a do “evangelho
social” do cristianismo, que não é ideológico, mas prático – a
repartição da riqueza.
Ele quer que esta seja a nova revolução social, com menos teorias teológicas e ideológicas e
mais dirigida a quem sofre.
Pretende-se que a mensagem de Francisco sirva a crentes de
qualquer deus ou religião, agnósticos e ateus.
Estou, de veras, curioso…!
Será que ao fim de dois mil anos se inicia a divulgação do evangelho cristão, sem ligações a
estruturas de poder…?
Estou, no mínimo, curioso…!
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