Estava a tentar perceber as imbecis atitudes do “líder”
António Seguro – chefe do Partido Socialista (que não líder) – quando me
lembrei do extraordinário exemplo que, mais uma vez, o Papa Francisco nos tem
dado, demonstrando, na sua simplicidade e humildade, a extraordinária diferença
entre chefiar e liderar.
O acontecimento foi-me narrado pelo meu amigo PB que, com
tantos cursos ministrados sobre liderança, reconhece que, com imagens como as do
Papa Francisco, continua sempre a aprender. Só António José Seguro e tantos outros
(no governo, nos partidos, nos órgãos de soberania, nos inúmeros centros de
decisão, etc.), forjados nas juventudes partidárias (“os jotas”), não
distinguem o verdadeiro sentido de líder (e liderança); pior: com a sua cega e
desmesurada ambição conduzem os “seus liderados” à desgraça e à destruição.
Na imagem podemos constatar que uma das últimas cadeiras da
igreja é ocupada pelo Papa. É o que se vê na foto. Ele está a celebrar uma
Missa muito peculiar: os convidados são os jardineiros e o pessoal de limpeza
do Vaticano. Num momento da celebração o Papa pede a todos que orem em
silêncio, cada um pelo que o seu coração deseja.
Nesse instante, ele levanta-se da sua cadeira presidencial
que está na frente e vai sentar-se numa das últimas cadeiras para fazer a sua
própria oração. Dá a impressão de que este chefe preferiu que todos se centrem
em ver de frente a verdadeira razão da sua existência, esse Cristo crucificado
que está ali presente e não em que o vejam a ele, o seu chefe, que não é mais
que um homem que falhou e continuará a falhar, e a quem hoje todos chamamos o
Papa Francisco.
A famosa diferença
entre chefe e líder é absoluta nesta foto. O chefe sempre se emproa,
pondo-se à frente para que todos o vejam e lhe obedeçam, enquanto o líder sabe
quando se deve sentar atrás, não incomoda, acompanha, facilita o caminho para
que os outros consigam os seus propósitos; o líder é capaz de desaparecer no
momento oportuno, para que os seus companheiros cresçam e se centrem no que é
verdadeiramente importante. O líder não
teme perder o seu lugar, porque sabe que, muito para além do “seu lugar”,
trata-se de ajudar aqueles que se encontram no seu caminho.
Na foto, o admirável Francisco está de costas. Ele sabe que
muitos o queriam ver de frente, mas neste instante tão íntimo, ele prefere
ficar de costas para os fotógrafos e dar a cara a esse Deus de todos, Amor para
o jardineiro e Amor para o Papa, esse Deus que não diferencia o abraço nem dá
mais por um ou por outro, ambos são pecadores e ambos precisam d’Ele.
Quantos chefes terão
a capacidade de ir sentar-se naquela cadeira de trás? Quando é que mães e
pais terão que “celebrar” essa cerimónia chamada vida com os seus filhos, e num
momento oportuno serem capazes de se sentarem atrás, para que eles fiquem de
frente para a sua missão? Quantos poderemos voltar as costas aos aplausos, à
barafunda dos “clicks”, aos elogios, para dar a cara, num momento íntimo, a
essa oração profunda que torna o nosso coração despido de orgulho, a um Deus
que deseja com fervor escutar-nos?
O Papa ficou-me gravado nesta foto, e eu espero que hoje
esta imagem sirva para me situar no resto da minha vida.
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