segunda-feira, 9 de junho de 2014

LÍDERES E LIDERANÇAS


Estava a tentar perceber as imbecis atitudes do “líder” António Seguro – chefe do Partido Socialista (que não líder) – quando me lembrei do extraordinário exemplo que, mais uma vez, o Papa Francisco nos tem dado, demonstrando, na sua simplicidade e humildade, a extraordinária diferença entre chefiar e liderar.

O acontecimento foi-me narrado pelo meu amigo PB que, com tantos cursos ministrados sobre liderança, reconhece que, com imagens como as do Papa Francisco, continua sempre a aprender. Só António José Seguro e tantos outros (no governo, nos partidos, nos órgãos de soberania, nos inúmeros centros de decisão, etc.), forjados nas juventudes partidárias (“os jotas”), não distinguem o verdadeiro sentido de líder (e liderança); pior: com a sua cega e desmesurada ambição conduzem os “seus liderados” à desgraça e à destruição.

Na imagem podemos constatar que uma das últimas cadeiras da igreja é ocupada pelo Papa. É o que se vê na foto. Ele está a celebrar uma Missa muito peculiar: os convidados são os jardineiros e o pessoal de limpeza do Vaticano. Num momento da celebração o Papa pede a todos que orem em silêncio, cada um pelo que o seu coração deseja.

Nesse instante, ele levanta-se da sua cadeira presidencial que está na frente e vai sentar-se numa das últimas cadeiras para fazer a sua própria oração. Dá a impressão de que este chefe preferiu que todos se centrem em ver de frente a verdadeira razão da sua existência, esse Cristo crucificado que está ali presente e não em que o vejam a ele, o seu chefe, que não é mais que um homem que falhou e continuará a falhar, e a quem hoje todos chamamos o Papa Francisco.

A famosa diferença entre chefe e líder é absoluta nesta foto. O chefe sempre se emproa, pondo-se à frente para que todos o vejam e lhe obedeçam, enquanto o líder sabe quando se deve sentar atrás, não incomoda, acompanha, facilita o caminho para que os outros consigam os seus propósitos; o líder é capaz de desaparecer no momento oportuno, para que os seus companheiros cresçam e se centrem no que é verdadeiramente importante. O líder não teme perder o seu lugar, porque sabe que, muito para além do “seu lugar”, trata-se de ajudar aqueles que se encontram no seu caminho.

Na foto, o admirável Francisco está de costas. Ele sabe que muitos o queriam ver de frente, mas neste instante tão íntimo, ele prefere ficar de costas para os fotógrafos e dar a cara a esse Deus de todos, Amor para o jardineiro e Amor para o Papa, esse Deus que não diferencia o abraço nem dá mais por um ou por outro, ambos são pecadores e ambos precisam d’Ele.

Quantos chefes terão a capacidade de ir sentar-se naquela cadeira de trás? Quando é que mães e pais terão que “celebrar” essa cerimónia chamada vida com os seus filhos, e num momento oportuno serem capazes de se sentarem atrás, para que eles fiquem de frente para a sua missão? Quantos poderemos voltar as costas aos aplausos, à barafunda dos “clicks”, aos elogios, para dar a cara, num momento íntimo, a essa oração profunda que torna o nosso coração despido de orgulho, a um Deus que deseja com fervor escutar-nos?

O Papa ficou-me gravado nesta foto, e eu espero que hoje esta imagem sirva para me situar no resto da minha vida.


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