Colbert ficou conhecido como ministro de Estado e da Economia
do rei francês Luís XIV; Mazarin foi um estadista que – embora italiano e bispo
– estava radicado em França, onde serviu como o primeiro-ministro (da França),
no mesmo período e com o mesmo Chefe de Estado.
Hoje, num país próximo, temos fenómeno idêntico: um
chefe de estado que, não sendo rei, age de forma idêntica à de Luís XIV (para
pior); um primeiro-ministro que, não sendo bispo (mas, “troikano”), demonstra o
mesmo respeito pelo povo que governa, como o seu homólogo na França de Luís
XIV; e, por último, um ministro de Estado que “irrevogavelmente se demitiu”
para se “guindar” à “vã glória” de ser vice-primeiro-ministro.
Prevendo novas medidas de austeridade que,
naturalmente, irão prejudicar ainda mais a classe média, reparamos que,
tanto no Século XVII, em França, como, presentemente em Portugal, todos tiveram
uma preocupação enorme pelos seus “súbditos”…
Relembro o Diálogo entre Colbert e Mazarin
durante o reinado de Luís XIV, retratado na peça teatral de Antoine Rault – Le Diable Rouge (no caso
português, não seria “Le diable rouge”, mas tão somente “O
DIABO”):
“Colbert – Para arranjar
dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu
gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a
gastar quando já se está endividado até o pescoço…
Mazarin – Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à
prisão. Mas o Estado… é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão.
Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert – Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos
imagináveis?
Mazarin – Criando outros.
Colbert – Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarin – Sim, é impossível.
Colbert – E sobre os ricos?
Mazarin – - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz
viver centenas de pobres.
Colbert – Então como faremos?
Mazarin – Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma
quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre
essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto
mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos.
Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!”
E é assim… Cada vez me convenço mais e
reconheço que quem nos governa não é incompetente, não é inexperiente, não é
fruto de um mau “casting”… Eles são mesmo aquilo que, em público e em alta voz,
não ousamos chamar… e o que fazem é intencional…!
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