terça-feira, 6 de maio de 2014

COLBERT E MAZARIN, HOJE



Colbert ficou conhecido como ministro de Estado e da Economia do rei francês Luís XIV; Mazarin foi um estadista que – embora italiano e bispo – estava radicado em França, onde serviu como o primeiro-ministro (da França), no mesmo período e com o mesmo Chefe de Estado.
Hoje, num país próximo, temos fenómeno idêntico: um chefe de estado que, não sendo rei, age de forma idêntica à de Luís XIV (para pior); um primeiro-ministro que, não sendo bispo (mas, “troikano”), demonstra o mesmo respeito pelo povo que governa, como o seu homólogo na França de Luís XIV; e, por último, um ministro de Estado que “irrevogavelmente se demitiu” para se “guindar” à “vã glória” de ser vice-primeiro-ministro.
Prevendo novas medidas de austeridade que, naturalmente, irão prejudicar ainda mais a classe média, reparamos que, tanto no Século XVII, em França, como, presentemente em Portugal, todos tiveram uma preocupação enorme pelos seus “súbditos”…
Relembro o Diálogo entre Colbert e Mazarin durante o reinado de Luís XIV, retratado na peça teatral de Antoine Rault – Le Diable Rouge (no caso português, não seria “Le diable rouge”, mas tão somente “O DIABO”):
Colbert – Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…
Mazarin – Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado… é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert – Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarin – Criando outros.
Colbert – Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarin – Sim, é impossível.
Colbert – E sobre os ricos?
Mazarin – - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert – Então como faremos?
Mazarin – Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!

E é assim… Cada vez me convenço mais e reconheço que quem nos governa não é incompetente, não é inexperiente, não é fruto de um mau “casting”… Eles são mesmo aquilo que, em público e em alta voz, não ousamos chamar… e o que fazem é intencional…!


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