sábado, 27 de outubro de 2012

ELIMINAR OS MAIS NECESSITADOS…



Durante o Estado Novo, apesar do infame exercício da censura, muitos homens e mulheres punham em risco a sua liberdade para conseguirem informar as populações. Faziam-no com a consciência da importância dos seus actos; para eles, a informação era uma arma fundamental para a conquista da liberdade e, consequentemente, da democracia. Foi assim que se foi consciencializando as gentes deste povo cujos filhos estavam condenados à morte nas guerras coloniais, iludidos com os estribilhos "pela defesa da Pátria".

Foi este enorme trabalho – mais do que trabalho, missão – que homens e mulheres abnegados formaram o espírito que tornou possível fazer o 25 de Abril. Não foram os militares que fizeram a Revolução – iniciaram-na. O povo, já sensibilizado ao longo de anos pelos jornalistas de então, despertou e deu seguimento ao movimento iniciado pelos capitães – fez a revolução.

Hoje, o jornalismo desta estirpe acabou. A grande maioria dos actuais jornalistas (e quero ressalvar algumas digníssimas e raras excepções) é constituída por técnicos de comunicação, ao serviço de algumas instituições de duvidosa credibilidade e fazendo-se passear nas passerelles para assessores governamentais. São quase todos (apesar dos seus vinte e poucos anos) especialistas em "qualquer coisa", que mais não seja em obedecer cegamente ao seu patrono na tentativa de ludibriar os demais.

E é por isto que, apesar de vivermos na era das tecnologias da comunicação e da informação, as notícias e os acontecimentos não são conhecidos ou, no mínimo, são manipulados para iludir as pessoas ávidas de informação.

Exemplo do que acabo de referir é este episódio em que Pedro Marques, nas Comissões de Orçamento, Finanças e Administração Pública e Segurança Social e Trabalho, fez uma avaliação demolidora da gestão de Mota Soares no Ministério da Solidariedade e Segurança Social.


Vídeo do Parlamento – Comissões de Orçamento, Finanças e Administração Pública e Segurança Social e Trabalho

Noutros tempos, este bloco informativo seria muitíssimo mais divulgado e os comportamentos do Ministro sobejamente denunciados. Todavia, hoje, tal não acontece. A comunicação do acontecimento passa em directo, num canal de televisão por cabo, num país cujo interior nem sequer televisão tem, depois da instalação da TDT.

Os actuais jornalistas já não informam, nem mesmo "sensacionalisticamente", para dizer que o governo (que, no máximo, representará 25% do eleitorado) quer eliminar paulatinamente os mais desfavorecidos.

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