quinta-feira, 15 de março de 2012

DISCURSAR É MAIS DO QUE ESCREVER PALAVRAS…


Ana Catarina Santos escreveu no seu blogue "O que fica do que passa" o seguinte post:

Para quem está a fazer um doutoramento em Ciência Política, como é o meu caso, os discursos políticos devem ser sempre analisados à lupa. Análise de conteúdo, palavras-chave, análise de forma, tipo de argumentação, retórica, mensagem directa, mensagem subliminar, etc.

Quando encontro, em Portugal ou no estrangeiro, discursos políticos marcantes não consigo guardá-los só para mim. Quero, por isso, partilhar com quem partilha este interesse comigo, algumas passagens do discurso proferido por Sua Excelência, o Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro e dos Assuntos Parlamentares (SEMAAP, como é conhecido no meio) Miguel Relvas, por ocasião do I Encontro Triângulo Estratégico América Latina-Europa-África. Aconteceu ontem, dia 12 de Março 2012, pelas 10 horas, em Lisboa.

– 'O Atlântico é hoje um centro de reunião em cujas margens se espalha um imenso conjunto de países apostados na prosperidade dos seus povos.' (Relvas, M.; 2012; pp: 3);

– 'Queremos aprender com cada um dos países porque para nós o mundo é uma imensa fonte de aprendizagem para todos os que tiverem a disponibilidade e a capacidade de escutar e de observar – numa palavra, de aprender.' (Relvas, M.; 2012; pp: 5);

- 'Somos um povo europeu e atlântico. Somos ambas as coisas em simultâneo, sem que uma ponha em causa a outra, sem que uma diminua a outra, sem que uma rivalize com a outra. Pelo contrário, trata-se de uma condição complementar.' (Relvas, M.; 2012; pp. 9);

- 'Estamos a viver uma era histórica em que o Atlântico Sul manifesta a todo o mundo que se está a configurar como um imenso espaço de paz, de cooperação e de prosperidade.' (Relvas, M.; 2012; pp. 12)."


Depois de analisar o texto, de o reler várias vezes para tentar perceber a coerência do discurso, cheguei à triste conclusão de que muito sofre um doutorando em Ciência Política que tem de analisar documentos como o citado. Só uma vontade férrea e determinação acima do vulgar permitirão a continuação de trabalhos deste género. E, parece-me que, com esta gente que está no poleiro, discursos deste género devem abundar…

Como eu compreendo o seu penar, Ana Catarina Santos…

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