segunda-feira, 26 de março de 2012

ESTRANHO MODO DE EXERCER O PODER…



Estou farto de carpir as minhas mágoas acerca desta ditadura tolerante, com ares de democracia. Revolto-me, permanentemente, contra as arbitrariedades dos donos desta democracia; mas, pouco mais posso fazer. Os meus amigos e demais pessoas que pensam como eu, também em nada são ouvidos. E, creiam ou não, somos a maioria. O povo já não decide; nem com maioria ou sem ela… Sem se aperceber, vão-lhe tirando todos os mecanismos de exercício dos seus direitos… Até a própria dignidade lha tiram…

Não acreditam…? – Vejam o exemplo mais flagrante, passado no recente congresso do partido do Poder: o Congresso tinha votado algo de que o líder não gostou; este, de imediato, explicou aos congressistas que tinham votado por engano, levando-os a alterar a votação. É chamada a democracia da vontade de um só…

Penso que, em casos semelhantes, o nome convencionalmente atribuído não deveria ser democracia, mas sim ditadura. Ou, talvez, o exercício do Poder, com ou sem acordo ortográfico, passa a ser exercício do Phoder…!

De qualquer forma, é isto que nos estão a fazer…

sábado, 24 de março de 2012

A AMBIÇÃO SEDUZ e O PODER CORROMPE…




Não é estranho que dois dias depois da carga policial, a 1ª pagina do Expresso apresente um vazio por baixo do título "Gaspar corta salários de banqueiros para metade"?

Gostava de saber o que lá estava antes para, tão sem falta de jeito, branquearem a agressão policial e desaproveitarem a página mais importante de um jornal – a 1ª página.

Será que o motivo é o de homenagear o patrão – sócio nº 1 do partido que, hoje, está em congresso…?

sexta-feira, 23 de março de 2012

ONTEM SENTI O ÓDIO…




Vai fazer, no próximo dia 25 de Abril, 38 anos que tento esquecer o ódio que via e sentia nos representantes da autoridade – a polícia e suas organizações congéneres.

Com a alvorada da democracia, acreditei que jamais veria, em Portugal, aquelas expressões cruentas e sádicas desses algozes que pululavam o Estado Novo. Julgava que essa raça tinha acabado…!

Não confundo a necessidade da utilização de certa dureza (ou mesmo violência) para combater criminosos, desestabilizadores sociais, bandos de claques violentas, gangues de malfeitores, etc. Não! Não confundo…!

Mas, aquilo que vi ontem, 22 de Março de 2012, trouxe-me à memória os tenebrosos dias vividos antes do 25 de Abril de 1974. Ontem vi no rosto da polícia os mesmos esgares de prazer sádico no uso da violência sobre os mais fracos e desprotegidos; vi, ainda, a incapacidade de raciocínio dos "animais" no cumprimento cego de ordens arbitrárias, ilegais e ilegítimas – não distinguiram a missão de acautelarem a segurança dos cidadãos, para serem eles próprios os mentores da violência; ontem, vi o ódio alimentado contra os cidadãos portugueses, já por si tão oprimidos por este governo.

Ontem, trinta e oito anos depois, apercebi-me que a quimera se tinha esfumado.

Ontem, quase chorei de raiva… Raiva por haver gente que, afirmando-se como não políticos, se servem de elucubrações financeiras e económicas para, fingindo governar, destruírem o seu próprio povo.

Ontem, de facto, vi ódio nos centuriões do regime… Mas, pior, senti o ódio de quem nos governa…!

quinta-feira, 22 de março de 2012

PROSTITUTAS DE LUXO EM GREVE…



No "El blog de lo mala que eres" li um texto de que extraio, aqui, o seu início:

"Las prostitutas de lujo de Madrid se declaran en huelga[1] de sexo con los banqueros hasta que vuelva a fluir el crédito hacia la economía real"

A questão que levanto é – Que aconteceria em Portugal se isto acontecesse cá…?

E se não fosse só com banqueiros…?

Pensem…!



[1] Huelga – greve

terça-feira, 20 de março de 2012

ESTAMOS A MEIO DA PONTE


Parabéns Hugo Mendes (in Jugular) pelo eloquente esclarecimento sobre afirmação do Ministro Gaspar relativamente à crise – "Estamos a aproximar-nos do meio da ponte".

Para que não haja confusões, eis a demonstração explicativa de Hugo Mendes:


sábado, 17 de março de 2012

O POVO É TOLERANTE, MAS NÃO É PARVO…

 Não quero falar da promiscuidade de quem exerce cargos públicos e a defesa de interesses privados… Não! É mau de mais…!

Todavia, não consigo evitar falar do protagonista…

António Borges, numa conferência em Lisboa, não comentou a sua situação – administrador não executivo do Jerónimo Martins e as funções que o Governo lhe atribuiu com consultor das privatizações na Parpública –, mas diz que a baixa de salários em Portugal quase corresponde a uma desvalorização da moeda e "há quem queira investir umas massas valentes em Portugal".

Que quererá dizer com isto…? Quererá demonstrar a "quem quer investir umas massas valentes" que:

- Somos gado barato que pode ser comprado a "bom" preço…?
- Somos um produto em saldo que pode ser adquirido com garantia de qualidade e a baixo custo…?
- Somos dóceis, pacatos e ternurentos (quais animais domésticos), bem treinados para servir sem refilar…?
- Podem fazer o que quiserem que o povo não refila…?

Sr. doutor, olhe que o povo não é exactamente aquilo que o sr. julga que é… O povo pode estar a ser tolerante (mesmo para quem não merece), mas não é parvo…!

O povo sabe quem disse que o "sub-prime" é uma das melhores inovações dos últimos anos…

Não o hostilize…!

quinta-feira, 15 de março de 2012

DISCURSAR É MAIS DO QUE ESCREVER PALAVRAS…


Ana Catarina Santos escreveu no seu blogue "O que fica do que passa" o seguinte post:

Para quem está a fazer um doutoramento em Ciência Política, como é o meu caso, os discursos políticos devem ser sempre analisados à lupa. Análise de conteúdo, palavras-chave, análise de forma, tipo de argumentação, retórica, mensagem directa, mensagem subliminar, etc.

Quando encontro, em Portugal ou no estrangeiro, discursos políticos marcantes não consigo guardá-los só para mim. Quero, por isso, partilhar com quem partilha este interesse comigo, algumas passagens do discurso proferido por Sua Excelência, o Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro e dos Assuntos Parlamentares (SEMAAP, como é conhecido no meio) Miguel Relvas, por ocasião do I Encontro Triângulo Estratégico América Latina-Europa-África. Aconteceu ontem, dia 12 de Março 2012, pelas 10 horas, em Lisboa.

– 'O Atlântico é hoje um centro de reunião em cujas margens se espalha um imenso conjunto de países apostados na prosperidade dos seus povos.' (Relvas, M.; 2012; pp: 3);

– 'Queremos aprender com cada um dos países porque para nós o mundo é uma imensa fonte de aprendizagem para todos os que tiverem a disponibilidade e a capacidade de escutar e de observar – numa palavra, de aprender.' (Relvas, M.; 2012; pp: 5);

- 'Somos um povo europeu e atlântico. Somos ambas as coisas em simultâneo, sem que uma ponha em causa a outra, sem que uma diminua a outra, sem que uma rivalize com a outra. Pelo contrário, trata-se de uma condição complementar.' (Relvas, M.; 2012; pp. 9);

- 'Estamos a viver uma era histórica em que o Atlântico Sul manifesta a todo o mundo que se está a configurar como um imenso espaço de paz, de cooperação e de prosperidade.' (Relvas, M.; 2012; pp. 12)."


Depois de analisar o texto, de o reler várias vezes para tentar perceber a coerência do discurso, cheguei à triste conclusão de que muito sofre um doutorando em Ciência Política que tem de analisar documentos como o citado. Só uma vontade férrea e determinação acima do vulgar permitirão a continuação de trabalhos deste género. E, parece-me que, com esta gente que está no poleiro, discursos deste género devem abundar…

Como eu compreendo o seu penar, Ana Catarina Santos…

DISCURSAR É MAIS DO QUE ESCREVER PALAVRAS…


Ana Catarina Santos escreveu no seu blogue "O que fica do que passa" o seguinte post:

Para quem está a fazer um doutoramento em Ciência Política, como é o meu caso, os discursos políticos devem ser sempre analisados à lupa. Análise de conteúdo, palavras-chave, análise de forma, tipo de argumentação, retórica, mensagem directa, mensagem subliminar, etc.

Quando encontro, em Portugal ou no estrangeiro, discursos políticos marcantes não consigo guardá-los só para mim. Quero, por isso, partilhar com quem partilha este interesse comigo, algumas passagens do discurso proferido por Sua Excelência, o Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro e dos Assuntos Parlamentares (SEMAAP, como é conhecido no meio) Miguel Relvas, por ocasião do I Encontro Triângulo Estratégico América Latina-Europa-África. Aconteceu ontem, dia 12 de Março 2012, pelas 10 horas, em Lisboa.

– 'O Atlântico é hoje um centro de reunião em cujas margens se espalha um imenso conjunto de países apostados na prosperidade dos seus povos.' (Relvas, M.; 2012; pp: 3);

– 'Queremos aprender com cada um dos países porque para nós o mundo é uma imensa fonte de aprendizagem para todos os que tiverem a disponibilidade e a capacidade de escutar e de observar – numa palavra, de aprender.' (Relvas, M.; 2012; pp: 5);

- 'Somos um povo europeu e atlântico. Somos ambas as coisas em simultâneo, sem que uma ponha em causa a outra, sem que uma diminua a outra, sem que uma rivalize com a outra. Pelo contrário, trata-se de uma condição complementar.' (Relvas, M.; 2012; pp. 9);

- 'Estamos a viver uma era histórica em que o Atlântico Sul manifesta a todo o mundo que se está a configurar como um imenso espaço de paz, de cooperação e de prosperidade.' (Relvas, M.; 2012; pp. 12)."


Depois de analisar o texto, de o reler várias vezes para tentar perceber a coerência do discurso, cheguei à triste conclusão de que muito sofre um doutorando em Ciência Política que tem de analisar documentos como o citado. Só uma vontade férrea e determinação acima do vulgar permitirão a continuação de trabalhos deste género. E, parece-me que, com esta gente que está no poleiro, discursos deste género devem abundar…

Como eu compreendo o seu penar, Ana Catarina Santos…

quarta-feira, 14 de março de 2012

AINDA HAVERÁ HONESTIDADE…?






O secretário-geral adjunto das Nações Unidas para o Desenvolvimento Económico, Jomo Kwame Sundaram, defende que o FMI percebeu tarde que a austeridade e as "falácias da consolidação orçamental" nos países mais endividados têm estrangulado a retoma global.


E, se calhar, é preciso ser um génio para perceber isto…!?!

Como a teimosia serôdia é apanágio dos incompetentes, estou em crer que, cá pela nossa terra, a austeridade vai continuar, a economia irá ser preterida pela cegueira, a incompetência será enaltecida, os aprendizes ocuparão o lugar dos mestres, o povo persistirá em ser esquecido, a fome irá exuberar e a morte será a promessa garantida a curto prazo…

Se este governo se mantiver (e para mal dos nossos pecados, que lhes permitimos tomar o poder), não tenho dúvidas de que será assim…!

terça-feira, 13 de março de 2012

COELHO ALIMENTA-SE NA ALEMANHA


Foi mais forte do que eu…

Refiro-me à transcrição da refeição do coelho num jardim da Alemanha…

Estava eu a ver "Imagens que estão a marcar esta terça-feira, 13 de março", no expresso online, quando me deparei com a "refeição do coelho"… Num jardim da Alemanha...

Ei-la:




Agora percebo…!

sábado, 10 de março de 2012

JORNADA DA NOSSA ECONOMIA (2)



  
Uma pequena viagem pelas notícias de economia de alguns jornais, hoje:

As Finanças autorizaram a CGD a manter os salários dos colaboradores este ano, desde que cumpra os objetivos de redução de custos com pessoal equivalentes a esses cortes, ainda que se mantenha a suspensão dos subsídios de férias e Natal.

As manutenções de salários permitidas pelo Governo para os trabalhadores da TAP e da Caixa Geral de Depósitos não são exceções mas sim adaptações, considerou este sábado o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.

Depois da TAP e da CGD, ANA e NAV também querem autorização das Finanças

A RTP apresentou lucros pelo segundo ano consecutivo, ao registar um valor positivo de 18,9 milhões de euros, em 2011, contra 15,1 milhões de euros, no ano anterior.

Em Portugal existe uma elevada concentração da poupança, com quase 90% da poupança das famílias portuguesas a ser feita por apenas 20% dos agregados familiares, segundo um estudo da APS.



Os preços da gasolina e do gasóleo vão voltar a aumentar no início da próxima semana, reflectindo a subida da cotação dos dois combustíveis nos mercados internacionais.



O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) acusa o executivo de se preocupar apenas com a redução do número de trabalhadores da administração central.

ACAMAR – Dispor em camadas…


A notícia parece simples…

Para uns, velhice; para outros, terceira idade; para este governo – Estorvo…!




A solução passa por qualquer coisa como acamá-los, cujo significado, aqui, é de pô-los em camadas e não de os pôr na cama.

Tem, também uma vantagem – não morrem sozinhas…



Esta solução tem a relevância de abreviar (devido ao esforço) o tempo em que serão "depositados em camadas", preparando-os para o último estádio:


Desta forma poupa-se muito – é a chamada ECONOMIA DE ESPAÇO…! (?)

sexta-feira, 9 de março de 2012

JORNADA DA NOSSA ECONOMIA (1)



Uma pequena viagem pelas notícias de economia de alguns jornais, hoje:

Quebra de 14% representa redução mais forte de que há registo nos números do INE

Governo aceitou avalizar o crédito a custo zero, mas Bruxelas não quer aceitar

Desempregados chegam a pernoitar até à abertura de portas

Bruxelas diz que a questão tem de ser respondida com os recursos disponíveis no próprio país. Ajuda comunitária chegará mais tarde

O consumo das administrações públicas encolheu 3,9% em 2011, sendo esta a segunda vez que caiu desde 1995.

O Instituto Nacional de Estatística anunciou, esta sexta-feira, que o Produto Interno Bruto de Portugal, a riqueza produzida no país, diminuiu 1,6% em 2011 em relação ao ano anterior.

O número de inscritos a cargo de cada funcionário dos centros de emprego aumentou 46 por cento em quatro anos, de acordo com os dados disponíveis no site do Instituto do Emprego e Formação Profissional...

O Ministério da Economia deixou de acompanhar o dossier Galp, sendo agora tutelado pela equipa do ministro das Finanças, Vitor Gaspar, e pelo primeiro-ministro Passos Coelho, admitiu ao Expresso uma fonte do Governo.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A DÍVIDA PODE TER PERDÃO, A NOVA POBREZA NÃO!


Em tempos escrevi (aqui) o seguinte:

"Muito bem, Sr. Primeiro Ministro!
Resta-nos continuar com o “espectáculo” e saudar, como faziam os gladiadores no Circo em Roma, aprontando-se para morrer – AVE CESAR, MORITURI TE SALUTANT (Salve César, aqueles que vão morrer saúdam-te).
Praticamente, estamos condenados a morrer na miséria: de fome, sem abrigo ou por falta de saúde…
Sr. PM, o povo não vai – quais gladiadores romanos – digladiar-se; mas, pode ter a certeza, combaterá pela sua sobrevivência e pela sua dignidade.
Não é o povo quem está a queimar Portugal… Não somos nós…!"

Hoje li o texto de Eduardo Cabrita, no CM, que nos alerta para algo muito grave que não podemos descurar: 

A dívida pode ter perdão, a nova pobreza não.

Eis algumas passagens extremamente pertinentes (sublinhados nossos):

"Se algo caracteriza o capitalismo é o objetivo de maximização do lucro e a desregulação das décadas pós-Reagan/Tatcher foram uma cavalgada gloriosa da especulação sem responsabilidade social. (…)

O vício em crédito não é um pecado de devassos latinos como parece dizer a ortodoxa Merkel, luterana formada na RDA. As primeiras vítimas do colapso foram bancos americanos, islandeses ou irlandeses, salvos à custa dos contribuintes a bem do interesse geral e dos acionistas irresponsáveis. (…)

(…) Sabemos como a nossa banca promoveu a festa da dívida a bem dos lucros gigantes e do autofinanciamento de guerras de poder tipo BCP. Não vale a pena culpar da crise o RSI ou usá-la como pretexto para destruir a saúde ou a educação públicas. A dívida pública portuguesa em 2008, antes do colapso global, estava no nível médio europeu. A dívida privada é que desde 1995 passou de 80% para 250% do PIB em créditos a Berardos, Finos, habitação a preços de rico, carros sempre novos e férias a pagar um dia. Os mesmos que nada viram do desastre anunciado exigem hoje a cura de austeridade, o apoio passivo do Estado e a imediata devolução dos fundos de pensões recém-entregues ao Governo para maquilhar o défice de 2011.

Quando a Espanha diz que a redução brusca do défice é suicida, a fundamentalista Holanda derrapa e até Cameron fala em crescimento, só o glorioso Passos pretende submeter à ditadura financeira a esperança restante que era o QREN ou a contratação de professores.
Sabíamos que Álvaro ministro era o inepto timoneiro de uma nau inviável à partida. Agora, é o espantalho adiado que será culpado pelas más colheitas. Cuidado, Passos, que a dívida pode ter perdão, a nova pobreza não. Cavaco dixit."

sábado, 3 de março de 2012

DEMITA-SE, SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO...!


O texto seguinte foi "surripiado" na íntegra do post de Carlos Esperança, publicado no blog Ponte Europa; dada a importância do texto, espero que não se "susceptibilize" por eu, também, o publicar.

"Nicolau Santos, na sua habitual coluna do semanário Expresso, desnudava a alma, com estes termos: Sr. primeiro-ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes. Também eu, senhor primeiro-ministro. Só me apetece rugir!...

O que o Senhor fez, foi um Roubo! Um Roubo descarado à classe média, no alto da sua impunidade política! Por isso, um duplo roubo: pelo crime em si e pela indecorosa impunidade de que se revestiu. E, ainda pior: Vossa Excelência matou o País!

Invoca Sua Sumidade, que as medidas são suas, mas o défice é do Sócrates! Só os tolos caem na esparrela desse argumento. O défice já vem do tempo de Cavaco Silva, quando, como bom aluno que foi, nos anos 80, a mando dos donos da Europa, decidiu, a troco de 700 milhões de contos anuais, acabar com as Pescas, a Agricultura e a Industria. Farisaicamente, Bruxelas pagava então, aos pescadores para não pescarem, e aos agricultores para não cultivarem. O resultado foi uma total dependência alimentar, uma decadência industrial e investimentos faraónicos no cimento e no alcatrão. Bens não transacionáveis, que significaram o êxodo rural para o litoral, corrupção larvar e uma classe de novos muitíssimo-ricos. Toda esta tragédia, que mergulhou um País numa espiral deficitária, acabou, fragorosamente, com Sócrates. O déficite é de toda esta gente, que hoje vive gozando as delícias das suas malfeitorias. E você é o herdeiro e o filho predileto de todos estes que você, agora, hipocritamente, quer pôr no banco dos réus?

Mas o Senhor também é responsável por esta crise. Tem as suas asas crivadas pelo chumbo da sua própria espingarda. Porque deitou abaixo o PEC4, de má memória, dando asas aos abutres financeiros para inflacionarem a dívida para valores insuportáveis e porque invocou como motivo para tal chumbo, o caráter excessivo dessas medidas. Prometeu, entretanto, não subir os impostos. Depois, já no poder, anunciou como excecional o corte no subsídio de Natal. Agora, isto! Ou seja, de mentira em mentira, até a este colossal embuste, que é o Orçamento Geral do Estado.

Diz Vossa Eminência que não tinha outra saída. Ou seja, todas as soluções passam pelo ataque ao Trabalho e pela defesa do Capital Financeiro. Outro embuste. Já se sabia no que resultaram estas mesmas medidas na Grécia: no desemprego, na recessão e num déficite ainda maior. Pois o senhor, incauto e ignorante, não se importou de importar tão assassina cartilha. Sem Economia, não há Finanças, deveria saber o Senhor. Com ainda menos Economia (a recessão atingirá valores perto do 5% em 2012), com muito mais falências e com o desemprego a atingir o colossal valor de 20%, onde vai Sua Sabedoria buscar receitas para corrigir o déficite? Com a banca descapitalizada (para onde foram os biliões do BPN?), como traçará linhas de crédito para as pequenas e médias empresas, responsáveis por 90% do desemprego?

O Senhor burlou-nos e espoliou-nos. Teve a admirável coragem de sacar aos indefesos dos trabalhadores, com a esfarrapada desculpa de não ter outra hipótese. E há tantas! Dou-lhe um exemplo: o Metro do Porto. Tem um prejuízo de 3.500 milhões de euros, é todo à superfície e tem uma oferta 400 vezes!!! superior à procura. Tudo alinhavado à medida de uns tantos autarcas, embandeirados por Valentim Loureiro. Outro exemplo: as parcerias publico-privadas, grande sugadouro das finanças públicas. Outro exemplo: Dizem os estudos que, se V. Ex.ª cortasse, na mesma percentagem, os rendimentos das 10 maiores fortunas de Portugal, ficaríamos aliviadinhos de todo, desta canga deficitária. Até porque foram elas, as grandes beneficiárias desta orgia grega que nos tramou. Estaria horas, a desfiar exemplos e Você não gastou um minuto em pensar em deslocar-se a Bruxelas, para dilatar no tempo, as gravosas medidas que anunciou, para Salvar Portugal!

Diz Boaventura de Sousa Santos que o Senhor Primeiro-Ministro é um homem sem experiência, sem ideias e sem substrato académico para tais andanças. Concordo! Como não sabe, pretende ser um bom aluno dos mandantes da Europa, esperando deles, compreensão e consideração. Genuina ingenuidade! Com tudo isto, passou de bom aluno, para lacaio da senhora Merkel e do senhor Sarkhozy, quando precisávamos, não de um bom aluno, mas de um Mestre, de um Líder, com uma Ideia e um Projeto para Portugal. O Senhor, ao desistir da Economia, desistiu de Portugal! Foi o coveiro da nossa independência. Hoje, é, apenas, o Gauleiter de Berlim.

Demita-se, senhor primeiro-ministro, antes que seja o Povo a demiti-lo.

a) Nicolau Santos"


sexta-feira, 2 de março de 2012

CRIMINALIDADE VIOLENTA…



Tenho pensado muito e não chego a nenhuma conclusão.

Pela segunda semana consecutiva é reconhecido como sendo exagerado o número de mortes em Portugal.

O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública considera que o impacto de algumas medidas políticas na área da Saúde poderão também ter contribuído para uma taxa de mortalidade acima da média (ver aqui).

Constantino Sakellarides levanta a hipótese da falta de dinheiro que impede os utentes do SNS se tratarem, dado o elevado valor das taxas moderadoras.

É do conhecimento generalizado a dificuldade que os hospitais têm em socorrer as pessoas devido à falta de materiais e de medicamentos.

E, pior que tudo, não sei que resposta se pode dar à pergunta de Sérgio Lavos faz no seu post, de 2 de Março, no Arrastão:

– "O que se poderá chamar a um Governo que deixa morrer a população de que é suposto cuidar?"

– Não sei…!