domingo, 23 de agosto de 2015

Goldman Sachs – NATO, S.A.


Manlio Dinucci
REDE VOLTAIRE | ROMA (ITÁLIA) | 20 DE AGOSTO DE 2015




Depois de ser secretário-geral da NATO, de 2009 a 2014 (sob comando dos Estados Unidos), Anders Fogh Rasmussen assumiu o posto de consultor internacional da Goldman Sachs, o mais poderoso banco dos Estados Unidos.








O mais poderoso banqueiro privado do mundo, Lloyd Blankfein, presidente do Goldman Sachs, disse "fazer o trabalho de Deus" (sic). Para punir os pecadores, ele recorreu aos serviços de Anders Fogh Rasmussen, ex-secretário-geral da NATO.

O currículo de Rasmussen é prestigioso. Como primeiro-ministro dinamarquês (2001-2009), empenhou-se pela “ampliação da União Europeia e da NATO contribuindo para a paz e a prosperidade na Europa”. Como secretário-geral, representou a NATO no seu “pico operativo com seis operações em três continentes”, entre as quais as guerras no Afeganistão e na Líbia, e, “em resposta à agressão russa à Ucrânia, reforçou a defesa colectiva a um nível sem precedentes desde o fim da guerra fria”. Além disso, Rasmussen apoiou a “parceria transatlântica sobre comércio e investimentos (TTIP)” entre os Estados Unidos e a União Europeia, base económica de “uma comunidade transatlântica integrada”.
Competências preciosas para a Goldman Sachs, cuja estratégia é ao mesmo tempo financeira, política e militar. Os seus dirigentes e consultores, depois de anos de trabalho no grande banco, foram levados a postos chave nos governos dos Estados Unidos e outros países: entre estes, Mário Draghi (governador do Banco da Itália, depois presidente do Banco Central Europeu) e Mário Monti, (nomeado chefe de governo pelo presidente Napolitano em 2011).

Portanto, não é de espantar que o Goldman Sachs tenha a mão na massa nas guerras conduzidas pela NATO. Por exemplo, na guerra contra a Líbia: primeiramente, apropriou-se (causando perdas de 98%) de fundos estatais de 1,3 mil milhões de dólares, que Trípoli lhe tinha confiado em 2008; assim, participou em 2011 na grande rapina dos fundos soberanos líbios (estimados em cerca de 150 mil milhões de dólares) que os Estados Unidos e a União Europeia “congelaram” no momento da guerra. E, para gerir através do controle do “Banco Central da Líbia” os novos fundos recebidos das exportações de petróleo, o Goldman Sachs apresta-se a desembarcar na Líbia com a projectada operação EUA/NATO sob a bandeira da União Europeia e “condução italiana”.

Com base numa lúcida “teoria do caos”, desfruta-se a caótica situação provocada pela guerra contra a Líbia e a Síria, instrumentalizando e canalizando para a Itália e a Grécia (entre os países mais débeis da União Europeia) o trágico êxodo dos imigrantes decorrente de tais guerras. Isso serve como arma de guerra psicológica e pressão económica para demonstrar a necessidade de uma “operação humanitária de paz”, visando na realidade a ocupação militar da zona estratégica e economicamente mais importante da Líbia.

Como a NATO, o Goldman Sachs é funcional à estratégia de Washington que quer uma Europa submetida aos Estados Unidos. Depois de ter contribuído com o embuste das hipotecas sub-prime provocando a crise financeira, que dos Estados Unidos chegou à Europa, o Goldman Sachs especulou sobre a crise europeia, aconselhando “os investidores a tirar vantagem da crise financeira na Europa (conforme o relatório reservado divulgado pelo Wall Street Journal, em 2011).

E, segundo documentada pesquisa efectuada em 2010-2012 pelos veículos de informação Der Spiegel, New York Times, BBC e Bloomberg News, o Goldman Sachs camuflou com complexas operações financeiras (“empréstimos ocultos” em condições leoninas e venda de “títulos tóxicos” dos Estados Unidos), o verdadeiro crescimento da dívida grega. Nesse negócio, o Goldman Sachs manobrou mais habilmente do que a Alemanha, o Banco Central Europeu e o FMI, cuja faca no pescoço da Grécia é evidente.

Assim, recruta Rasmussen, com a rede internacional de relações políticas e militares por ele tecida durante os cinco anos em que esteve à frente da NATO.


Tradução
José Reinaldo Carvalho,
Editor do site Vermelho



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