Depois da análise retrógrada do economista investido em
presidente, no discurso comemorativo do 39º aniversário da Revolução dos Cravos,
começaram a martelar na minha cabeça as reminiscências de um passado que
julgava já perdido e esquecido: “Sem hesitações, sem queixumes, naturalmente
como quem vive a vida, os homens marcham para climas inóspitos e terras
distantes a cumprir o seu dever. Dever que lhes é ditado pelo coração e pelo
fim da Fé e do Patriotismo que os ilumina. Diante desta missão, eu entendo
mesmo que não devemos chorar os mortos. Ou melhor. Havemos de chorar os mortos
se os vivos os não merecerem”
(presidente do conselho de ministros do estado novo – Salazar).
Deste modo, e apesar
de tudo, mandava os nossos jovens para a morte, sem motivo, sem nexo, desrespeitando
a liberdade dos povos, ficando cego, surdo e mudo (orgulhosamente só) ao mundo
que o rodeava.
Trinta e nove anos depois da última noite de ditadura e na
comemoração do dia que permitiu instituir a democracia, voltei a ouvir
sussurros do passado: “Se se
persistir numa visão imediatista, se prevalecer uma lógica de crispação
política em torno de questões que pouco dizem aos Portugueses, de nada valerá ganhar ou perder eleições,
de nada valerá integrar o Governo ou estar na Oposição” (Cavaco Silva).
(sublinhado nosso)
Isto é, que se lixem
as eleições…!
Mas, mais adiante (no seu discurso), reza: […] “pelo que, no plano político, é imperioso
preservar a capacidade de gerar consensos em torno do caminho a seguir para
alcançar os grandes objetivos nacionais”.
Pretenderá, com isto, afirmar que devemos concordar com as imposições
de uma minoria, mesmo que esta minoria (porque só representa uma ínfima parte
dos portugueses; a generalidade dos que lhes deram a maioria parlamentar já não
estão com eles…) só tenha cometido erros, desrespeitado a Constituição da República
Portuguesa, iludido o seu próprio eleitorado e continuando, persistentemente, a
enganar o povo português…?
Então, se é de facto assim, temo pela minha liberdade e que
os meus temores não são infundados.
A última coisa que (neste momento) ainda nos resta é a
liberdade. Receio, pois, que muito em breve a possamos perder…
É tempo de reagir para impedir que entremos noutros 48 anos…
Até nisto a história teima em se repetir: Salazar começou como ministro das finanças.
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