O Expresso publicou, na sua última edição, um novo Estatuto Editorial.
Daquilo que tenho aprendido sobre o Expresso, do valor e nobreza de alguns dos seus jornalistas e da iniquidade e venalidade de uma outra grande parte deles, deixa-me, mais uma vez (já deveria ter aprendido…), perplexo. Ou será, tão-somente, para apregoar que têm um novo director – Ricardo Costa – e este, como “podem ver” é diferente dos anteriores.
Não quero falar muito dos “pregões jornaleiros” que a maioria dos órgãos de comunicação usa. Todavia, o ponto 7 do seu novo editorial deixa-me preocupado, porque, quer queiramos ou não, gostemos ou detestemos, o Expresso é (ainda) um semanário de referência.
(…) “7. O Expresso sabe, também, que em casos muito excepcionais, há notícias que mereciam ser publicadas em lugar de destaque, mas que não devem ser referidas, não por auto-censura ou censura interna, mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional. O jornal reserva-se, como é óbvio, o direito de definir, caso a caso, a aplicação deste critério” (do Estatuto Editorial).
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· Isto não é censura?
· Então, que outro nome se dá a isto?
· Querem tapar os olhos com a peneira?
· Julgam que quando têm conhecimento de alguma informação (como dizem, nociva ao interesse nacional) ela já não é do conhecimento de todo o mundo estrangeiro e dos seus órgãos de comunicação social (para não falar dos seus serviços de inteligência)?
· E como o jornal se reserva o direito de definir a aplicação deste critério, se calhar, deveria chamar-se O Esclarecido, em vez de Expresso.
· Ou será que o interesse é outro…?
No mínimo, sigam o exemplo de uma referência do Expresso e seu director-adjunto – Nicolau Santos – que, no caderno Economia, depois de desejar felicidades ao governo agora empossado, escreve o seguinte (página 5): “ (…) Daí a criar-se uma unanimidade nacional e a quase proibição de reparos ou críticas ao Governo vai um passo de gigante que o jornalismo livre e independente não pode nem deve aceitar”.
E mais havia para dizer…