domingo, 19 de janeiro de 2020

A NOVA REFORMA






Não estou a converter-me ao cristianismo. Não! Talvez nunca tenha deixado de ser cristão, embora, não cumpridor. É assim que tenho acompanhado com elevado interesse o desenrolar dos alertas que o papa Francisco tem apregoado – talvez a “Nova Reforma” –, que só os conservadores, – temerosos de perder as suas prerrogativas totalitárias – a querem ignorar. O Próprio cardeal Ratzinger foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Enquanto tal, criou o deserto teológico na Igreja Católica. Até mesmo o “poema bíblico” Génesis, se assim se pode designar o primeiro livro da Bíblia, o que relata a criação do Universo.
Como escreve Bento Domingues, “o poema bíblico da criação, ao celebrar a vitória sobre o caos e ao exaltar a harmonia humana e divina do universo, é fundamental para não desesperarmos dos trabalhos que exige a sua urgente recriação” na casa de todos nós.
O recente livro do cardeal Sarah pretende considerar como co-autor o cardeal Ratzinger. Não me preocupa se é, ou não, verdade; se é mais uma apologia da misoginia religiosa… que contraria a doutrina do próprio fundador – Cristo.
O carisma do celibato não é, de si, o carisma de um padre ou de um bispo. Na Igreja Católica houve sempre mulheres e homens que optaram por viver o celibato como uma grande graça e é característica de todas as congregações religiosas”. Deveria ser, em princípio, uma opção pessoal. Do mesmo modo, todos os cristãos – pelo Baptismo – deveriam ser considerados sacerdotes…
O cardeal Ratzinger foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Enquanto tal, criou o deserto teológico na Igreja Católica. Queria ser o único. Foi eleito Papa e resignou porque já não se sentia com forças para enfrentar a poluição do Vaticano. Não é Papa emérito. Não é Papa, pura e simplesmente. Neste momento, não há dois papas. Não lhe fica bem alinhar com a campanha dos adversários das reformas urgentes propostas pelo único Papa actual, como diz Frei Bento Domingues.
Ratzinger não deve tentar refazer a Congregação para a Doutrina da Fé – eufemismo moderno para Tribunal do Santo Ofício ou para Santa Inquisição – porque isso seria recriar, mais uma vez, um crime ignóbil, ainda sentido no meio do catolicismo.
A reforma, quer queiram ou não, terá de se fazer.