Não estou a converter-me ao
cristianismo. Não! Talvez nunca tenha deixado de ser cristão, embora, não cumpridor.
É assim que tenho acompanhado com elevado interesse o desenrolar dos alertas
que o papa Francisco tem apregoado – talvez a “Nova Reforma” –, que só os
conservadores, – temerosos de perder as suas prerrogativas totalitárias – a
querem ignorar. O Próprio cardeal Ratzinger foi prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé. Enquanto tal, criou o deserto teológico na Igreja Católica. Até
mesmo o “poema bíblico” Génesis, se assim se pode designar o primeiro livro da
Bíblia, o que relata a criação do Universo.
Como escreve Bento Domingues,
“o poema bíblico da criação, ao celebrar a vitória sobre o caos e ao exaltar
a harmonia humana e divina do universo, é fundamental para não desesperarmos
dos trabalhos que exige a sua urgente recriação” na casa de todos nós.
O recente livro do cardeal
Sarah pretende considerar como co-autor o cardeal Ratzinger. Não me preocupa se
é, ou não, verdade; se é mais uma apologia da misoginia religiosa… que
contraria a doutrina do próprio fundador – Cristo.
“O carisma do celibato não
é, de si, o carisma de um padre ou de um bispo. Na Igreja Católica houve sempre
mulheres e homens que optaram por viver o celibato como uma grande graça e é
característica de todas as congregações religiosas”. Deveria ser, em
princípio, uma opção pessoal. Do mesmo modo, todos os cristãos – pelo Baptismo
– deveriam ser considerados sacerdotes…
O cardeal Ratzinger foi
prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Enquanto tal, criou o deserto
teológico na Igreja Católica. Queria ser o único. Foi eleito Papa e resignou
porque já não se sentia com forças para enfrentar a poluição do Vaticano. Não
é Papa emérito. Não é Papa, pura e simplesmente. Neste momento, não há dois
papas. Não lhe fica bem alinhar com a campanha dos adversários das reformas
urgentes propostas pelo único Papa actual, como diz Frei Bento Domingues.
Ratzinger não deve tentar
refazer a Congregação para a Doutrina da Fé – eufemismo moderno para Tribunal
do Santo Ofício ou para Santa Inquisição – porque isso seria recriar, mais uma
vez, um crime ignóbil, ainda sentido no meio do catolicismo.
A reforma, quer queiram ou
não, terá de se fazer.