Meu caro amigo […]
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Não vou começar uma campanha de defesa de presumidos
arguidos do processo “operação marquês”;
porém, ainda a procissão iniciou a travessia do adro e já insuspeitas
personalidades – entidades que seriam potenciais testemunhas do processo –
negam as versões do MP, como é o caso de Sérvulo Correia, representante do
Estado na Golden Share da PT, apesar
do título do jornal Público indicar sentido diferente, na página 12.
Não tenho muitas esperanças de ver o fim deste julgamento.
Ao arranjarem-se mais de quatro mil páginas para a dedução da acusação, é
natural e normal que duzentas páginas depois de defender uma tese (escrita a
várias mãos) já não se saiba a forma como se escreveu determinado assunto.
Começam a aparecer as contradições notadas pelos observadores mais atentos por aqueles
que ainda respeitam o sentido da democracia e do direito.
Uma coisa já eu sei: ao ser verdade (se fosse verdade)
aquilo de que Sócrates é acusado, ele é um génio do crime. Estando num cargo dos mais escrutinados que pode haver –
o de Primeiro Ministro –, conseguiu iludir todos e, sozinho, ludibriar toda
a gente: encomendar, decidir, justificar, aprovar,
despachar e receber os lucros…,
isto tudo, sem que alguém desconfiasse. É
de génio!
Olha, meu caro […] isto irrita-me; querem-me fazer passar
por parvo...! Posso sê-lo, mas detesto que me forcem a esse convencimento. […]
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