Governar, em democracia, é o exercício do poder do povo, delegado num seu representante. Este poder pode ser condicionado, parcial, relativo ou quase absoluto (quando a maioria é quase total, o que, felizmente, em Portugal, nunca aconteceu; há sempre uma relatividade); todavia, sê-lo-á enquanto o povo – e só o povo –, o permitir.
O povo elege o Presidente da República e, neste caso, sempre com maioria absoluta dos votantes (isto é, daqueles que querem participar na gestão dos seus interesses). O mesmo povo elege o Parlamento – O Poder Legislativo –, na proporção que a sua sabedoria o entende. Este mesmo povo sabe que é desse Parlamento que sairá a constituição do Governo – o Poder Executivo – e de tal maneira o sabe que as campanhas eleitorais são definidas, na maior parte das vezes, em função da escolha da competência do futuro Primeiro-ministro.
Dos quatro poderes constituídos na nossa democracia, três são eleitos, directa ou indirectamente. São eles:
1º Presidente da República – O mais alto representante da Nação, o garante das instituições;
2º O Parlamento – o Poder Legislativo, de cuja votação sai a escolha do Primeiro-ministro que formará
4º O Governo – o Poder Executivo.
Embora não querendo referir-me a ele, nesta crónica, especificamente (porque não é objectivo deste documento), não posso deixar de mencionar o 3º Poder Constitucional – O Poder Judicial – que não está sujeito ao escrutínio do Povo.
Todavia, embora fundamental para a vida de uma sociedade democrática, existe um outro poder não eleito – a Comunicação Social –, o poder da Informação. Este poder é vital para garantir a sanidade da democracia; mas, quando manipulado, adulterado, conspurcado com a falta de ética e destituído de honra, torna-se numa das mais perniciosas armas de destruição das democracias. Mais, ainda: é em momentos de crise, resultante da vulnerabilidade do homem, e não do jornalista, que a utilização de falsos profissionais (pois entendo que não há maus profissionais – ou há profissionais com honra, coragem e ética, ou, simplesmente, não há profissionais) põem em perigo e minam a democracia, tentando desacreditá-la ou anunciando falsos salvadores.
Exemplo de alguns falsos jornalistas poder-se-á encontrar naqueles que, por tanto apregoarem uma ideia, uma teoria, um conceito ou uma ideologia que lhes foi passada a troco de regalias sociais, financeiras ou outras, se tornam seus arautos, evangelizadores e, inconscientemente, seus seguidores – os emissários da mentira. Todos e cada um de nós conhecemos exemplos personificados desses emissários, não é necessário fazer uma lista.
Tentando contrariar este meu sentir pela classe jornalística (quase acredito – em extinção), têm-me tentado justificar os seus comportamentos com:
I. “…são miúdos novos, inexperientes, a quem os põem a tratar assuntos, para os quais não estavam preparados…”;
II. “…eh pá, não há dinheiro para pagar a jornalistas mais experientes…”;
III. “…têm de fazer o que lhes mandam, senão… sabe como é… desemprego… etc. …”;
Mas, porra…! Eu sou do tempo…
Esqueci-me de dizer, metade da minha vida foi passada no anterior regime, combatendo-o e lutando pela liberdade. Nesse tempo, havia muitos falsos profissionais, mas havia jornalistas. Estes, os jornalistas (que não os falsos profissionais), se ainda vivos, devem sentir uma revolta e uma frustração tão grande; questionar-se-ão, como eu o faço muitas vezes: “o que aconteceu, que não conseguimos deixar as sementes da dignidade, da honra, da coragem e da ética?” …
É legítimo pensar (pelo menos, julgo que uma pessoa, em Portugal, ainda pode pensar, sem que este acto seja considerado crime) que os órgãos de comunicação não estão, directa ou indirectamente, dependentes do Eng.º José Sócrates.
Porquê? – É simples:
1. Só um masoquista, tendo possibilidade para o impedir, permitiria que, diária e sistematicamente, fosse massacrado com as atoardas como aquelas de que José Sócrates é vítima; estas difamações e calúnias com que é presenteado constantemente e, mais intensamente, nos momentos mais críticos, vão desde a rotulagem de homossexual, corrupto, vigarista, etc., até à de conspirador contra o estado… A baixeza das acusações de que é vítima é notória. Penso que o Primeiro-ministro não é masoquista; logo, caso controlasse a comunicação social, como dizem, não permitiria tal estado de coisas.
2. Somente um fundamentalista religioso ou pacifista imperfeito, tendo capacidade para o conter, aceitaria de bom grado ser enxovalhado e agredido, quase diariamente, nos órgãos de comunicação social. Como é do domínio público, José Sócrates não é fundamentalista religioso (daqueles que “quando vos baterem numa face, oferecei a outra…”), nem tampouco pacifista (ele gosta de lutar pela sua honra, e julgo que é um direito inalienável que lhe assiste; a ele e a todos nós). Se assim é, por que motivo, caso fosse um influente manipulador dos Órgão de Comunicação, consentiria nas permanentes e desgastantes campanhas orquestradas contra ele.
Por favor, parem e pensem: – Quem são o verdadeiros e genuínos donos dos órgãos de informação?
Vejam a diferença entre jornais e revistas que são propriedade do Sr. Fulano. Porque escrevem e notificam estes e aqueles assuntos? Que diferenças existem entre o jornal tal e aquele outro?
De uma coisa tenho a certeza: – Nenhum proprietário de Órgão de Informação, nenhuma Personalidade Influente num órgão de informação nem nenhum Poderoso da Comunicação Social fala mal de si, nem contra si próprio. Porque o faria o Eng.º José Sócrates?
Conquanto não necessite justificar-me, quero esclarecer que não sou amigo do Engenheiro José Sócrates nem sou filiado no Partido Socialista, embora os respeite.
Se, por acaso ou simples presunção minha, alguém pretender rotular-me, façam-no com justiça e atribuam-me uma correcta classificação – Lutador anti-fascista e pela Liberdade.