domingo, 15 de outubro de 2017

DA MINHA CORRESPONDÊNCIA COM O EDUARDO (9)














Meu caro amigo […]

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Não vou começar uma campanha de defesa de presumidos arguidos do processo “operação marquês”; porém, ainda a procissão iniciou a travessia do adro e já insuspeitas personalidades – entidades que seriam potenciais testemunhas do processo – negam as versões do MP, como é o caso de Sérvulo Correia, representante do Estado na Golden Share da PT, apesar do título do jornal Público indicar sentido diferente, na página 12.

Não tenho muitas esperanças de ver o fim deste julgamento. Ao arranjarem-se mais de quatro mil páginas para a dedução da acusação, é natural e normal que duzentas páginas depois de defender uma tese (escrita a várias mãos) já não se saiba a forma como se escreveu determinado assunto. Começam a aparecer as contradições notadas pelos observadores mais atentos por aqueles que ainda respeitam o sentido da democracia e do direito.

Uma coisa já eu sei: ao ser verdade (se fosse verdade) aquilo de que Sócrates é acusado, ele é um génio do crime. Estando num cargo dos mais escrutinados que pode haver – o de Primeiro Ministro –, conseguiu iludir todos e, sozinho, ludibriar toda a gente: encomendar, decidir, justificar, aprovar, despachar e receber os lucros…, isto tudo, sem que alguém desconfiasse. É de génio!

Olha, meu caro […] isto irrita-me; querem-me fazer passar por parvo...! Posso sê-lo, mas detesto que me forcem a esse convencimento. […]

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